domingo, 26 de junho de 2011

Airton Monte - A Páscoa do Ateu - 21 Abril 2011

Gênio total esse refinado escritor das crônicas diárias. A cda dia que passa ele fica melhor!!

AIRTON MONTE - A PÁSCOA DO ATEU 21 ABRIL 2011

Estamos em plena Semana Santa. Mais um longo feriadão à vista. Um saboroso prato cheio para quem gosta de tais prolongados dias de folga, bem longe do trabalho e da rotina massacrante do dia a dia. E como o brasileiro adora estes simulacros de pequenas férias antecipadas, que de há muito estão incorporadas ao nossos brasílico calendário e às nossas tradições culturais. Não é que os habitantes dessa Taba de Tupã sejam ferrenhos cultuadores do ócio, da preguiça por uma questão de natureza. Em verdade, somos um povo trabalhador, habituado a ganhar o pão com o suor do rosto, pois sabemos que a vida no Brasil nunca foi um mar de rosas sob um céu de brigadeiro. Mas que existe à flor da pele nacional um Macunaíma dentro de cada um de nós, que naturalmente aflora quando aparece uma oportunidade.

Afinal, pernas por ar que ninguém é de ferro. Além do mais, um feriado aqui, outro acolá mal nenhum causam a um povo que insiste na luta pela sobrevivência e faz este país continuar a crescer pela força do labor, apesar dos tantos desgovernos que nos comandaram desde nosso descobrimento. Para mim, tal façanha jamais deve ser ignorada por quem quer que seja e que ainda preserve em si o terrível Complexo de Viralatas de que tanto falou o genial Nelson Rodrigues. Não somos nem jamais fomos o melhor nem o pior povo do mundo. Penso que nossos defeitos se originam de nossas qualidades. Somos brasileiros e pronto. A nossa maneira de ser é essa mesma. Que apreciamos uma festança, apreciamos. E quem não gosta? Mas que trabalhamos, trabalhamos. E cada vez mais para saciar a voracidade tributária do Governo a nos extorquir impostos escorchantes.

Comecei bem a semana, pois tive a honra de conversar, via telefone, com Dom Edmilson da Cruz, que me disse ser leitor assíduo das minhas croniquetas, o que deveras me gratificou. É um homem gentil, cuja voz mansa transmite uma bendita paz a quem tem a graça de ouvi-lo. Fiquei bastante comovido com o bem-vindo telefonema. Pedi sua bênção e que incluísse este pobre pecador no rol de suas orações. Foi uma conversa suave que me acalmou as aflições do corpo e do espírito. O dia sorriu pra mim um sorriso amigo de tranquilidade. E assim, adentro a Semana Santa eivado de novas esperanças das quais andava por demais necessitado. Sempre nos faz um bem danado escutar uma voz amiga. Dá-nos a imprescindível força para prosseguir lutando contra qualquer possível adversidade que nos vier acometer.

Sem professar religião ou credo, tenho meus santos protetores, Santo Antonio e São Francisco, os quais, devido à intimidade que com ambos mantenho, chamo carinhosamente de Toinho e Chiquinho. Digo que são minha bela dupla de zagueiros a guardar-me dos perigos que rondam minha grande área. Os amigos do peito também não me olvidaram, convidando-me para merecido descanso em Guaramiranga. Infelizmente, não posso ir, pois a amada não vai lá muito bem de saúde. Nada de grave, somente uma gripe, mas encontro-me impedido de abandonar o caseiro posto. Penso na Semana Santa, na Páscoa, na Paixão e Ressurreição de Cristo. Penso, sem querer estragar a festa de ninguém, quantos meditam realmente na essência da data, que vai mais além das comilanças. Meu pensamento ateu não se contenta somente com a mundanice do bacalhau e dos chocolates. É muito pouco.


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