sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Pequena Crônica do Natal - 24 de Dezembro 2021

 Pequena Crônica do Natal


Hoje é natal, mesmo que haja controvérsias quanto a data exata do nascimento de Cristo, hoje é natal.  Se pensarmos com o sentido espiritual e transcendente, pouco importa a data.


Outrora eu acreditava em um Papai Noel fantástico e onipresente que visitava todas as casas de todas as crianças do mundo numa noite só. Depois cresci e fui entender as condições precárias nas quais nasceu Jesus Cristo. Fui compreender que as palavras Estábulo, estrebaria e manjedoura foram romantizadas para os termos curral, cocheira e outras palavras vulgares. 


Anos mais tarde eu fui celebrando precariamente  cada data do Natal nos mais distantes e profundos rincões de nosso país. E os os ornamentos das festas eram extremamente pobres e desprovidos de luxo de qualquer natureza.


Passados muitos anos, e já nas grandes urbes, vi presentemente a desigualdade social daqueles que ficam à margem de todo o Natal e por conseguinte da sociedade em geral. Pessoas desalentadas e abandonadas pelos donos do poder. Que Natal é este onde pessoas não têm as condições mínimas de se alimentar e realizar higiene pessoais básicas? Onde estão os donos do poder? Por que a opulência do Natal de outras pessoas, dos vários lares, não chegou até aqueles locatários das ruas citadinas? Ruas tão desprotegidas e tão inseguras!


O Natal não é apenas uma data que se repete no ciclo do calendário. Calendário este que é justamente regrado pelo próprio natalício daquele que vem nascer na noite de hoje. Esta data é para que possamos nos tornar humanamente mais humano e enxergar no outro alguém que é meu semelhante e humanamente igual a mim e a todos.




segunda-feira, 19 de julho de 2021

Pequena Crônica - Ele não é um peso, ele é meu irmão - 19 de Julho 2021

 

Ele não é um peso, ele é meu irmão

Noite qualquer. Não tenho saído mais as noites. Meus hábitos estão diametralmente opostos ao dos vampiros. Me encontro na rua principal da pequena urbe e constato que muita coisa mudou por aqui ou ali. Outrora, não faz muito tempo, nesta pequena alameda, as calçadas eram sitiadas por locatários deste espaço semi público. Em dias de hoje tudo está diferente. Os espaços das calçadas das casas foram tomadas por vazios por quase toda extensão da rua. A esta hora da noite e nas próximas horas profundas, mais ainda. Não que a formação do elenco dos que ali habitam tenha sido sofridos mudanças na composição, embora os mais jovens tenham buscado outras paragens nos grandes centros urbanos das maiores cidades. Tudo bem que os locatários mais velhos tenham se enfastiados daquelas práticas de outros tempos e que o celular individualizou mais ainda os indivíduos. Só sei toda esta cena mexe comigo e me causa uma grande estranheza! Merece destaque nesta rua ainda a grande loja de secos e molhados que fica funcionando até altas horas da noite e atrai consumidores sedentos por coisas totalmente supérfluas para o consumo individual.

O relógio acelera e estamos no “Day After”. Manhãzinha no centro comercial citadino. Os rentistas do escambo mercadológico, ainda afetados pela última crise, estão em processo de recuperação lenta e gradual. Na esperança de um “upgrade” em seus negócios eles ali chegaram quando as sombras da noite passada ainda se despediam. A crise fez crescer pelas cercanias do comércio, o número de pedintes famélicos. Aumentaram ainda os vendedores de bilhetes do jogo do bicho (sempre o jogo alimentando a esperança do dinheiro fácil), os operadores de motocicletas em regime de entrega de encomendas. Na esquina da rua direita com a rua Nova, um jovem motoboy ouve em seu smartphone de som estridente e agudo uma canção em inglês do cantor Bill Medley. Ele não compreende uma palavra da língua de Byron. E eu também não entendo bem a metáfora que o Yankee quis transmitir naquela música, naquela língua! Caso o jovem da moto tivesse consciência de classe, estaríamos nas fileiras daquelas que fazem a revolução contra o sistema estabelecido! Ele não é um peso, ele é meu irmão.

As horas avançam com uma velocidade naturalmente maior mais uma vez.  E mais e mais.  Minha cabeça está cheia de ideias. Ideias profusas e caóticas. Elas chegam como uma tempestade cerebral. Tal qual uma Brainstorming as ideias pululam em meu limitado cérebro. Preciso de um local sossegado para domar estas ideias e pô-las em ação. Preciso repor meu déficit de sono de várias noites passadas. Preciso cumprir minha obrigações dionísicas da noite de sexta feira. Preciso guardar meu segredo bilateral ( ou seria unilateral?) com aquela mulher. Preciso encontrar um pouso alegre na meditação teológica. Preciso não enlouquecer com a situação social e política convulsionada da nação brasileira. Vou dormir antes que eu seja engolido por isto tudo.

segunda-feira, 8 de março de 2021

8 de Março -

 



Oito de março, esta data que o sistema capitalista se apropriou para uso de uma data comemorativa comercialmente, quando na verdade esta data é para lembrar da luta da classe trabalhadora, mais especificamente da luta de mulheres que reivindicavam melhores ou mínimas condições de trabalho. Mulheres que neste dia foram brutalmente assassinadas dentro de seus locais de trabalho pelos donos dos meios de produção que não aceitavam a justa reivindicação das mulheres. 

O capitalismo é sabido, sempre se apropriou de eventos reivindicatórios e contestadores do próprio sistema e revertem ao seu favor com ganhos capitais (trocadilho perfeito) para si. Basta ver o que fizeram com o contestador festival de Woodstock e também coma imagem de Chê Guevara na qual foi comercializada e gerou um produto bastante rentável até hoje. 

Esta data é para lembrar da irmandade de gêneros dos que sempre lutaram no bom combate para o bem da classe proletária. Este dia é para ser lembrado por isto e não como uma data meramente comercial. Hoje ainda existe um abismo muito grande entre os gêneros da classe trabalhadora, mas este abismo foi produzido e é mantido pelos donos dos meios de produção. 

Lembremos deste dia de luta constante da classe trabalhadora e das trabalhadoras. Mais ainda nesta fase na qual estamos passando por uma precarização  do trabalho e do trabalhador, onde os donos do meio de produção tentam enfraquecer os trabalhadores  e as associações de classes, reduzindo os postos de trabalhos e desarticulando as massas trabalhadoras. 

Lembremos desta data como uma vitória da classe trabalhador, de um evento que contribuiu para o fortalecimento da luta e que até serve para encorajar as trabalhadoras.