quinta-feira, 29 de abril de 2010

Outro achado dessa excelente poetisa mineira Adélia Prado, ele tem como título "Poema Começado do Fim" , sempre me impressionei com esses versos desde de minha infância, segue abaixo:



Poema Começado do Fim

Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.

(Adélia Prado)
Não vou nem inventar muito, mas reproduzirei um poema de bastante densidade da poetisa mineira ADÉLIA Luzia PRADO de Freitas, intitulado de ' O Amor no Éter" . Desde a primeira vez que fiz a leitura desse poema concreto que fiquei deveras impresionado;reproduzo a seguir:

O Amor no Éter

Há dentro de mim uma paisagem
entre meio-dia e duas horas da tarde.
Aves pernaltas, os bicos
mergulhados na água,
entram e não neste lugar de memória,
uma lagoa rasa com caniço na margem.
Habito nele, quando os desejos do corpo,
a metafísica, exclamam:
como és bonito!
Quero escrever-te até encontrar
onde segregas tanto sentimento.
Pensas em mim, teu meio-riso secreto
atravessa mar e montanha,
me sobressalta em arrepios,
o amor sobre o natural.
O corpo é leve como a alma,
os minerais voam como borboletas.
Tudo deste lugar
entre meio-dia e duas horas da tarde.

(Adélia Prado)