tag:blogger.com,1999:blog-19017827382180719252024-03-05T08:08:24.674-08:00ArakoiabenseEscrevo pouco, crio menos ainda, copio bastante e as vezes construo períodos em língua de Camões sem muita lógica e para satisfazer meus prazeres bestiais e ocultosarakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.comBlogger231125tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-10551930424539144052023-05-11T14:35:00.006-07:002023-05-11T14:42:43.252-07:00Pequena crônica - 365 - 11 de Maio de 2023<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw08fupU8ME36mam5pRebMf9uoDNKuoVITU5Kx8m7oAftCOG8Phr7PjPKfoax54h2i8xWeajYD07Mou8OnZ52Ern7MqudqM82_RAmNtLoE6hvZlcrloNDMT6-Ei6XvsQ-WKvnaORd_JgCD229ssUhaoD_vsVIwjzVrY4ZJmV2eE7v4l9TOeP8bMYK0/s691/365.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="691" data-original-width="691" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw08fupU8ME36mam5pRebMf9uoDNKuoVITU5Kx8m7oAftCOG8Phr7PjPKfoax54h2i8xWeajYD07Mou8OnZ52Ern7MqudqM82_RAmNtLoE6hvZlcrloNDMT6-Ei6XvsQ-WKvnaORd_JgCD229ssUhaoD_vsVIwjzVrY4ZJmV2eE7v4l9TOeP8bMYK0/w640-h640/365.jpg" width="640" /></a></div><br /><p></p><p><br /></p><p><br /></p><p style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: left; text-indent: 36pt;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 700; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Pequena crônica - 365 - 11 de Maio de 2023</span></p><p style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: left; text-indent: 36pt;"><b id="docs-internal-guid-31fe3c99-7fff-83b7-b61e-424dac744fcd" style="font-weight: normal;"><br /><br /></b></p><p style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: left; text-indent: 36pt;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Estou na rua. Estou nas ruas desde os primeiros raios de sol no horizonte. Só que agora já estamos no início da tarde. Ruas escampas. Eu como observador do tempo e fiscal de aleatoriedades vou colhendo fatos para o memorial dos desinteressados. Eu que amanheci esta jornada na aurora do dia como uma atividade física, agora observo os jovens espadaúdos que adentram uma academia física que também tem poucos sitiantes a esta hora. No meu andar a ermo, faço contrato de locação com a praça municipal onde fico como hóspede por horas a fio.</span></p><p style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: left; text-indent: 36pt;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Aqui no meu lugar de combate, colho todas as cenas que julguei úteis para este meu dia dentro da abstração do tempo. Logo mais discorrerei algumas delas.</span></p><p style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: left; text-indent: 36pt;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Outrora, havia por aqui um sem número de pombos que ocupavam as castanholeiras.As aves eram em número elevado. Havia uma senhora que em horas certas vinha alimentar as palomas com milho seco.</span></p><p style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: left; text-indent: 36pt;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Hoje a realidade é outra. Os animais que ali sitiam o espaço são gatos rabugentos e magros que alguém por piedade deixa porções de ração felina. Eu não sou afeito a bichanos, não obstante minha condição respiratória de asmático e também por não endossar a sociabilidade deles em relação aos domesticadores. Há uma relação muito falsa entre os gatos. Prefiro os vira latas e suas fidelidade canina.</span></p><p style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: left; text-indent: 36pt;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Há outras cenas que se passam ainda no logradouro público. Assisto uma transação comercial onde não há papel moeda envolvida. Não que a negociação não tenha valor monetário, mas porque no escambo mercantil se deu de forma digital e não analógica.</span></p><h1 style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: left; text-indent: 36pt;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-size: small;">Várias coisas acontecem e eu não consigo concatenar a sequência exata deles e é impossível registrar ou não que não foram. Há sinos que dobram em campanários altos. Há diálogos entre várias pessoa numa balbúrdia sonora impossível de se filtrar algo disto. Algumas pessoas falam comigo palavras ininteligíveis nas quais eu sinalizo concordar para não ter aborrecimento. Lembrei de um conhecido meu de longa data na qual lembrou um fato interessante: ele perguntou se eu mantinha meu alter ego em minhas composições literárias.</span></span></h1><p style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: left; text-indent: 36pt;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A moça da loja de secos e molhados me desconcerta ao passar por aqui cruzando a praça. Ela exibe uma camiseta cinzenta com o numeral cardinal trezentos e sessenta e cinco. Supus que este número tivesse relação com o tempo e fiquei mais desconcertado psicologicamente. Talvez aquele número tivesse afeto ou comiseração, sentimentos totalmente diferentes. Confuso tudo.</span></p><p style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: left; text-indent: 36pt;"><b style="font-weight: normal;"><br /></b></p><p style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: left; text-indent: 36pt;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sinais da natureza vindo geograficamente do sudeste indicam episódios de tempestade. Há uma outra tempestade cerebral em mim após toda esta abstração de fatos, números e sentimentos.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 36pt;"><br /></p>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-54043740017522217432022-12-22T07:15:00.005-08:002022-12-22T07:15:56.610-08:00Pequena Crônica - Dinheiro - 22 de dezembro de 2022<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVJtRZUHUFAZ-SrSArnqC2A754nV1zmROG_t-qKCLBIOVcILoJxIOV9DhJUxxiZrh73evf24wuCf8OpAdJRVx8lhnTLSux4p1L8qnArGzrkkJ8nlMfjqfZn_YqJz4cEqjWSJkbpYKkWL5aowK4j3KYhvniBSUV9koVB2gCPc0LXiM3srf8nRiMFsWY/s599/h.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="468" data-original-width="599" height="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVJtRZUHUFAZ-SrSArnqC2A754nV1zmROG_t-qKCLBIOVcILoJxIOV9DhJUxxiZrh73evf24wuCf8OpAdJRVx8lhnTLSux4p1L8qnArGzrkkJ8nlMfjqfZn_YqJz4cEqjWSJkbpYKkWL5aowK4j3KYhvniBSUV9koVB2gCPc0LXiM3srf8nRiMFsWY/w640-h500/h.jpg" width="640" /></a></div><br /><p></p><p><br /></p><p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: medium;">Pequena crônica – O dinheiro – 22 de dezembro de 2022<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: medium;">Estando sentado a mesa que sobre
ela deitam algumas cédulas de dinheiro, veio a mente uma imagem de outrora que
presenciava quando criança. Nas tardes de domingo meu pai e meu tio prestavam
contas da rústica sociedade entre eles. Era o momento de contabilizar as perdas
e ganhos de uma de semana de trabalhos e transações comercias. Ao canto da
sala, numa mesa de madeira, só os dois transacionavam. Ali era um diálogo quase
sacro no qual nenhuma outra pessoa poderia se intrometer (nem mesmo minha mãe).
E eu como criança, nem entendia nada e estava totalmente reprimido para
intervir naquela contenda contábil. Meu genitor e seu irmão empilhavam notas
sobre notas, puxavam para um lado um dos montantes, depois iam e viam em
debates acalorados na maior parte do tempo. Havia ainda várias lembranças por
partes deles das vendas que ficaram fiadas, dos futuros lançamentos no mercado
de empreendimentos imediatos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Assim
foram estes dois minúsculos e rústicos comerciantes que fizeram parte de minha
infância.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: medium;">O dinheiro é um papel pintado que
tem valor de mercado e economia. O escambo de objetos de maior ou menor valor
determina transações mercadológicas. Li certa feita na escola uma crônica de
Olavo Bilac sobre o tema e desde lá sou perseguido pelo tema. Bilac finaliza sua
epopeia ao citar o rei Midas que se perdeu na sua ambição pelo dinheiro ao
tocar tudo e virar ouro, inclusive sua comida que levava a boca. Tenho o livro
a <b><i>Origem do dinheiro</i></b> do autor austríaco <b><i>Carl Menger </i></b>mas
eu não li este compêndio por orientação de meu partido, não li nem mesmo para
fazer a crítica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: medium;">Hoje o papel moeda vai perdendo o
espaço e a magia do capital. Em tempos digitais, até o dinheiro é algo virtual.
Até mesmo as minúsculas transações de pequenos lanches ou coisa que o
equivalha. O capitalismo brutaliza até as relações de dinheiro na quase
extinção do papel moeda. Se diminuem os escambos presencias, as trocas e os
trocos. O papel dinheiro servia até de papel bilhete para mandar recados e
correntes, mensagem cifradas. Comunicação de toda ordem. Vamos ficando cada vez
mais mecanizados quando as curtas negociações passam por algoritmos frios nos
quais distanciam os seres. Este é o capitalismo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></p><br /><p></p>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-73567848945295501872022-10-26T06:08:00.003-07:002022-10-26T06:08:59.450-07:00Pequena Crônica - Tertúlia - 26 de outubro de 2022<p><span style="font-family: verdana; font-size: large;"> 26 de Outubro - Pequena Crônica - Tertúlia</span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;"><br /></span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGE2spiWdBM8UCvczIygY4f0Ecp82q2WE6-gX-qfo86dvRPIospaAuouuCI8WlCy1GCixbwyCNKDx6uWH4HtRBs3WxSao6VFgKw3-xd5tQqlP6fonjWLCZHVkQzQfqYKKncNMiJaIgitCZc83KVnxTHfiM6pU6YVmzcAs2mv4WCxurE240akvpQnqB/s560/rosa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="560" data-original-width="420" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGE2spiWdBM8UCvczIygY4f0Ecp82q2WE6-gX-qfo86dvRPIospaAuouuCI8WlCy1GCixbwyCNKDx6uWH4HtRBs3WxSao6VFgKw3-xd5tQqlP6fonjWLCZHVkQzQfqYKKncNMiJaIgitCZc83KVnxTHfiM6pU6YVmzcAs2mv4WCxurE240akvpQnqB/w480-h640/rosa.jpg" width="480" /></a></div><br /><span style="font-family: verdana; font-size: large;"><br /></span><p></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;"><br /></span></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Comic Sans MS"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Manhã de um dia qualquer. Dia
neutro. Dia cinza. Preciso sair de minha clausura de três ou quatro dias. Minha
solidão causa uma angústia desgastante. Minha respiração está opressa neste interregno
eremita, mais ainda porque tenho intensificado minha condição de fumante
inveterado. No autoexílio na casa de móveis arcaicos resta muito pouco o que
fazer além de lê, fumar, comer algo e pouco nas horas incertas e dormir sonos
assombrados e cheios de interrupções. Mantenho meus custos para a manutenção de
minha existência através de um minguado montepio deixado por meu pai. Sou um
dos últimos galhos de uma árvore genealógica que foi bem mais frondosa do que
hoje e logo logo serie uma galho a ser podado dessa copa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Comic Sans MS"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Saindo da minha bolha<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>cosmopolita, vou campear mudamente os
limitados espaços citadinos. A esta hora equânime há poucos locatários da urbe,
mas há vida. Pulsão de vida. Cenas rotineiras. Um cortejo fúnebre passa na rua
do cemitério, o sino da igreja católica dobra pelo finado. Sob o campanário há
anacoretas que não cessam de propalar silentemente suas jaculatórias. No lado
oposto a praça há um pregão de um vendedor de bugigangas. Há ainda por ali
outros sitiantes, vagabundos, vendedores de bilhetes de loterias, mães de
santos, pastores e meretrizes. Todos no mesmo espaço. Ao boreal dali ficam as
casas comerciais onde os clientes gastam despudoradamente seus surrados numerários.
Há ainda o Ratisbona bar, um misto de café e restaurante, onde a esta hora tem
apenas dois clientes: um casal de meia idade troca carícia cheio de lascívia
como se eles fossem os únicos habitantes de um paraíso inóspito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Comic Sans MS"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As cenas se sucedem, o tempo se
gasta. E tudo isso que foi registrado por aqui me deixou chato, enjoado e
lasso. Preciso voltar para meu recato, para minha bolha. Quero fugir daquilo
tudo. Preciso me recolher ao meu eremitério. Preciso voltar para a penumbra.
Está no meu ambiente de ar rarefeito incensado pelo fumo que saem de meus
cigarros que se fumam por si só.<o:p></o:p></span></p><span style="font-family: verdana; font-size: large;"></span><p></p>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-10018916974782504252022-10-17T15:17:00.002-07:002022-10-17T15:18:12.708-07:00Reproduzindo Vinicius de Moraes - Invocação à mulher única<p> Após assistir a uma vídeo no qual o excelente escritor infanto-juvenil Pedro Bandeira recitava esta bela peça da Literatura de Vinicius de Moraes, resolvi reproduzir por aqui!</p><p><br /></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZ7ebiLARZZ5WxSR6p9jIxYv4XHPUHw9CwdgHzqtcf4JuCMs0JeF_q-MLiYEY3MqEokKHRXpquQbZv2tWGHTsN0GssH9F6gIgyy_ATA6xY47TaDodD0gba_2SsDdrmrxaqHCg9OiEnWC69qS699ud3257Qg8H-J35TGPFCTzbfNzGsq5oPPFckFnC2/s1040/vinicius.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="585" data-original-width="1040" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZ7ebiLARZZ5WxSR6p9jIxYv4XHPUHw9CwdgHzqtcf4JuCMs0JeF_q-MLiYEY3MqEokKHRXpquQbZv2tWGHTsN0GssH9F6gIgyy_ATA6xY47TaDodD0gba_2SsDdrmrxaqHCg9OiEnWC69qS699ud3257Qg8H-J35TGPFCTzbfNzGsq5oPPFckFnC2/w640-h360/vinicius.jpg" width="640" /></a></div><br /><p><br /></p><h1 class="entry-title" style="background-color: white; border: 0px; clear: both; color: #444444; font-family: Ubuntu, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 28px; font-weight: normal; line-height: 1.2; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Invocação à mulher única – Vinícius de Moraes</h1><p><br /></p><p style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: Ubuntu, Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 1.7; margin: 20px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: large;">Tu, pássaro – mulher de leite! Tu que carregas as lívidas glândulas do amor acima do sexo infinito<br />Tu, que perpetuas o desespero humano – alma desolada da noite sobre o frio das águas – tu<br />Tédio escuro, mal da vida – fonte! jamais… jamais… (que o poema receba as minhas lágrimas!…)<br />Dei-te um mistério: um ídolo, uma catedral, uma prece são menos reais que três partes sangrentas do meu coração em martírio</span></p><p style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: Ubuntu, Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 1.7; margin: 20px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: large;">E hoje meu corpo nu estilhaça os espelhos e o mal está em mim e a minha carne é aguda<br />E eu trago crucificadas mil mulheres cuja santidade dependeria apenas de um gesto teu sobre o espaço em harmonia.</span></p><p style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: Ubuntu, Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 1.7; margin: 20px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: large;">Pobre eu! sinto-me tão tu mesma, meu belo cisne, minha bela, bela garça, fêmea<br />Feita de diamantes e cuja postura lembra um templo adormecido numa velha madrugada de lua…<br />A minha ascendência de heróis: assassinos, ladrões, estupradores, onanistas – negações do bem: o Antigo Testamento! – a minha descendência</span></p><p style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: Ubuntu, Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 1.7; margin: 20px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: large;">De poetas: puros, selvagens, líricos, inocentes: O Novo Testamento afirmações do bem: dúvida (Dúvida mais fácil que a fé, mais transigente que a esperança, mais oporturna que a caridade Dúvida, madrasta do gênio) – tudo, tudo se esboroa ante a visão do teu ventre púbere, alma do Pai, coração do Filho, carne do Santo Espírito, amém!</span></p><p style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: Ubuntu, Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 1.7; margin: 20px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: large;">Tu, criança! cujo olhar faz crescer os brotos dos sulcos da terra – perpetuação do êxtase<br />Criatura, mais que nenhuma outra, porque nasceste fecundada pelos astros – mulher! tu que deitas o teu sangue</span></p><p style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: Ubuntu, Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 1.7; margin: 20px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: large;">Quando os lobos uivam e as sereias desacordadas se amontoam pelas praias – mulher!<br />Mulher que eu amo, criança que amo, ser ignorado, essência perdida num ar de inverno.<br />Não me deixes morrer!… eu, homem – fruto da terra – eu, homem – fruto da carne<br />Eu que carrego o peso da tara e me rejubilo, eu que carrego os sinos do sêmen que se rejubilam à carne</span></p><p style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: Ubuntu, Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 1.7; margin: 20px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: large;">Eu que sou um grito perdido no primeiro vazio à procura de um Deus que é o vazio ele mesmo!<br />Não me deixes partir… – as viagens remontam à vida!… e por que eu partiria se és a vida, se há em ti a viagem muito pura</span></p><p style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: Ubuntu, Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 1.7; margin: 20px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: large;">A viagem do amor que não volta, a que me faz sonhar do mais fundo da minha poesia<br />Com uma grande extensão de corpo e alma – uma montanha imensa e desdobrada – por onde eu iria caminhando</span></p><p style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: Ubuntu, Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 1.7; margin: 20px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: large;">Até o âmago e iria e beberia da fonte mais doce e me enlanguesceria e dormiria eternamente como uma múmia egípcia</span></p><p style="background-color: white; border: 0px; color: #444444; font-family: Ubuntu, Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 1.7; margin: 20px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: large;">No invólucro da Natureza que és tu mesma, coberto da tua pele que é a minha própria – oh mulher, espécie adorável da poesia eterna!</span></p>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-37312074745708524772022-02-26T06:21:00.002-08:002022-02-26T06:21:46.199-08:00Pequena Crônica - Tudo pra Ser Reunido Agora - 25 de Fevereiro de 2022<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjidzrbP-Ewth-Cm-b4U1EjonYHFltIH4C3joEBaFcw9frMXxmMXpP-sfiDNhkDssTqwINOJTZP7gztX5lohnAogU0rXF32qPgfQXct-MVBaLBtNDr0c1040Bhh-TU22g0QC-GRUUKqJDmK49Fsooxl9FnBmQB_qfMw8uzVJrAvRgu8F3n7tKg7j9hF=s833" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="625" data-original-width="833" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjidzrbP-Ewth-Cm-b4U1EjonYHFltIH4C3joEBaFcw9frMXxmMXpP-sfiDNhkDssTqwINOJTZP7gztX5lohnAogU0rXF32qPgfQXct-MVBaLBtNDr0c1040Bhh-TU22g0QC-GRUUKqJDmK49Fsooxl9FnBmQB_qfMw8uzVJrAvRgu8F3n7tKg7j9hF=w640-h480" width="640" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 107%;">Pequena
Crônica – Tudo para ser reunido agora<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Manhã de um dia qualquer. Ainda
sofrendo as consequências físicas da carraspana da noite passada, mesmo não
tendo sido uma pândega das maiores. Despertei hoje acompanhado por uma vontade de
perambular por alhures a esmo, rua a rua. A este momento o horizonte pros lados
do nascente, está carregado por nuvens plúmbeas e carregadas que denunciam a
qualquer momento uma chuva. Mesmo com estes iminentes contratempos, dou início
a meu itinerário errante. Nas calçadas das casas por onde passo há poucos
sitiantes para esta hora tradicional de tertúlia. Passeio por ruas tortuosas e
de pisos irregulares. Meus pés de anatomia imperfeita, sofrem com os impactos
causados pelo sobrepeso de meu corpo, mesmo estando os pés sobre proteção de
macio calçado. E por estas andanças tenho a companhia de uma vitrola portátil
que trago junto ao bolso do meu “curto”. Executado pelo aparelho eletrônico, seleciono
para o “convencional” o extraordinário músico <b><i>Eumir Deodato</i></b> e sua
excelente “World Music” quase inclassificável pela mistura de influências mil
da música. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O jogo segue e o percurso percorrido
pelos meus combalidos pés estão cada vez mais aleatórios. Muitas vezes pareço
está andando em círculos, quase em moto perpétuo. E neste caos do itinerário,
incidentalmente eu circundo a casa da moça da loja de secos e molhados. É uma
modesta choupana sem nenhuma arquitetura mais elaborada, luxo ou outros
detalhes que chamem a atenção de quem passa por ali indiferente no dia a
dia.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É um modesto casebre num recanto de
uma tortuosa rua. O frontispício urge melhoramentos. A distância se observa a
sala escura e inóspita, ali jaz um varal repleto de roupas recém lavadas.
Momentaneamente não surge por ali sinal que há algum locatário do local, parece
que todos já saíram pra seus afazeres. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Agora o tempo avança, e meu caminhar
segue a esmo. Percorro ruas, vielas, becos e alamedas. Passo por uma casa de
saúde que está bastante movimentada pois estamos num tempo de doenças sazonais.
Passo ainda por um suntuoso templo religioso que está sendo preparado para
receber logo mais um sem número de anacoretas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Cruzo caminho de pessoas que me cumprimentam e
de chofre respondo maquinalmente um a um. As nuvens que ainda a pouco
denunciavam chuva, se esvaíram por todos os cantos e a chuva não veio. Quem
domina agora o espaço é um sol que brilha intensamente. O fenômeno é a ordem de
todos os dias por aqui. A temperatura sobe rapidamente. Pessoas procuram os
filetes de sombras. Até os cachorros procuram guarida na areia úmida da chuva
que caiu na noite passada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Volto para meu tugúrio e o contador
de passos que eu acionei para tal tarefa avisa que eu dei aproximadamente nove
mil passos desde o início desta légua tirana! Findo o expediente tendo o corpo
tomado por suor. Faz-se necessário imediatamente um asseio demorado. Tudo é verossimilhança,
ou quase tudo.<o:p></o:p></span></p><br /><p></p>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-41616035095313695952022-02-06T07:33:00.001-08:002022-02-06T07:39:33.614-08:00Pequena Crônica - Alhures - 6 de Fevereiro de 2022<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjrHjFgJePRdhZQJ0RHs1aK0m-8GrgVZWOvO_iVIh3HOdACs6L6h9yQI4UbHdu-9l92g7JVnfku4BlQAYsRv4nAewQNw1kMGQXnkAR3khZvyNWuyJGKCU6S4vE7jS7G4Wi6LrAJr6C_Hxy9F3EieI33M85EPxkwyqyZBPGnWgsfWqMlMMSv1IoiKFwl=s833" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="625" data-original-width="833" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjrHjFgJePRdhZQJ0RHs1aK0m-8GrgVZWOvO_iVIh3HOdACs6L6h9yQI4UbHdu-9l92g7JVnfku4BlQAYsRv4nAewQNw1kMGQXnkAR3khZvyNWuyJGKCU6S4vE7jS7G4Wi6LrAJr6C_Hxy9F3EieI33M85EPxkwyqyZBPGnWgsfWqMlMMSv1IoiKFwl=w640-h480" width="640" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal">6 de Fevereiro <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Pequena
crônica – Alhures <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">Uma das práticas que mais encantam as pessoas é conhecer
lugares desconhecidos, lugares nunca vistos e nem situados dantes. E para se
deslocar, a depender da distância, faz-se necessário a utilização de
semoventes. Eu na minha limitação para tal apropriação enfrento bastante
dificuldades para tal. Mas hoje é mais fácil ver virtualmente as várias
paisagens (urbanas ou não) mundo a fora. E é isto que eu faço nas raras horas
de ócio que me são gratuitas. Hoje eu perambulei por ruas tortuosas de alguma
urbe Brasil afora. (Não citarei que cidade é esta e muito menos qual bairro).
Como citado, as ruas e vias urbanas são tortuosas e sem nenhum planejamento
urbanístico. Nenhum traço de enxadrezamento da construção das ruas, vielas,
becos e alamedas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Percorro
aleatoriamente as ruas sem me preocupara com os prédios ou paisagens naturais
que cruzarão meu caminho. Há prédios de vários pavimentos sem nenhum rigor de
engenharia ou arquitetura. Verdadeiros monstrengos que parecem que cairão a
qualquer momento. Há um largo e uma praça pública mal assistida pela máquina
estatal. Campeiam por lá os invisíveis sociais que o sistema econômico/político
produziu. Há uma birosca pouco espaçosa que tem mesas e cadeiras na calçada
atrapalhando os transeuntes do local. Há uma igreja onde poucos fiés foram
flagrados a esta hora da manhã ( suponho que o registro fotográfico foi numa
manhã de sol!). O espaço urbano se expande de forma infinda e eu cesso meu
passeio virtual.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">As horas avançam, minhas obrigações do lar precisam ser
cumpridas. Preciso cumprir horas e tarefas para ser um eterno escravo do tempo.
Preciso planejar as lides diárias desta semana que começará daqui a poucas
horas. Consulto o aplicativo de mensagens para saber a que horas a moça da loja
de secos e molhados o consultou pela última vez. Já é um tempo razoável desde
da última vez. Estico a vista e aprecio um pequeno morro que fica ao fundo do
meu quintal. Preciso voltar a rotina, preciso voltar a normalidade imposta.
Hoje é mais um dia no calendário. Tudo se deu num átimo e eu comprei tudo isto
sem dinheiro. <o:p></o:p></p>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-57360012465212116902021-12-24T10:05:00.002-08:002021-12-24T10:05:22.900-08:00Pequena Crônica do Natal - 24 de Dezembro 2021<p> <span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">Pequena Crônica do Natal</span></p><span id="docs-internal-guid-d14f482e-7fff-1bd0-8fac-eae593863cae"><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Hoje é natal, mesmo que haja controvérsias quanto a data exata do nascimento de Cristo, hoje é natal. Se pensarmos com o sentido espiritual e transcendente, pouco importa a data.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Outrora eu acreditava em um Papai Noel fantástico e onipresente que visitava todas as casas de todas as crianças do mundo numa noite só. Depois cresci e fui entender as condições precárias nas quais nasceu Jesus Cristo. Fui compreender que as palavras </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: italic; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Estábulo, estrebaria e manjedoura </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">foram romantizadas para os termos curral, cocheira e outras palavras vulgares. </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Anos mais tarde eu fui celebrando precariamente cada data do Natal nos mais distantes e profundos rincões de nosso país. E os os ornamentos das festas eram extremamente pobres e desprovidos de luxo de qualquer natureza.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Passados muitos anos, e já nas grandes urbes, vi presentemente a desigualdade social daqueles que ficam à margem de todo o Natal e por conseguinte da sociedade em geral. Pessoas desalentadas e abandonadas pelos donos do poder. Que Natal é este onde pessoas não têm as condições mínimas de se alimentar e realizar higiene pessoais básicas? Onde estão os donos do poder? Por que a opulência do Natal de outras pessoas, dos vários lares, não chegou até aqueles locatários das ruas citadinas? Ruas tão desprotegidas e tão inseguras!</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O Natal não é apenas uma data que se repete no ciclo do calendário. Calendário este que é justamente regrado pelo próprio natalício daquele que vem nascer na noite de hoje. Esta data é para que possamos nos tornar humanamente mais humano e enxergar no outro alguém que é meu semelhante e humanamente igual a mim e a todos.</span></p><br /><br /><br /></span>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-81219057736832887472021-07-19T10:44:00.005-07:002022-11-04T13:58:50.713-07:00Pequena Crônica - Ele não é um peso, ele é meu irmão - 19 de Julho 2021<p> </p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times; font-size: medium;"><b>Ele não é um peso, ele é meu irmão</b><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Noite qualquer. Não tenho saído mais as noites. Meus hábitos
estão diametralmente opostos ao dos vampiros. Me encontro na rua principal da
pequena urbe e constato que muita coisa mudou por aqui ou ali. Outrora, não faz muito
tempo, nesta pequena alameda, as calçadas eram sitiadas por locatários deste espaço semi público. Em dias de hoje tudo está diferente. Os espaços das calçadas
das casas foram tomadas por vazios por quase toda extensão da rua. A esta hora
da noite e nas próximas horas profundas, mais ainda. Não que a formação do elenco dos que ali habitam tenha sido sofridos mudanças na composição, embora os mais
jovens tenham buscado outras paragens nos grandes centros urbanos das maiores
cidades. Tudo bem que os locatários mais velhos tenham se enfastiados daquelas
práticas de outros tempos e que o celular individualizou mais ainda os
indivíduos. Só sei toda esta cena mexe comigo e me causa uma grande estranheza!
Merece destaque nesta rua ainda a grande loja de secos e molhados que fica
funcionando até altas horas da noite e atrai consumidores sedentos por coisas
totalmente supérfluas para o consumo individual.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">O relógio acelera e estamos no “Day After”. Manhãzinha no
centro comercial citadino. Os rentistas do escambo mercadológico, ainda
afetados pela última crise, estão em processo de recuperação lenta e gradual. Na
esperança de um “upgrade” em seus negócios eles ali chegaram quando as
sombras da noite passada ainda se despediam. A crise fez crescer pelas
cercanias do comércio, o número de pedintes famélicos. Aumentaram ainda os
vendedores de bilhetes do jogo do bicho (sempre o jogo alimentando a esperança
do dinheiro fácil), os operadores de motocicletas em regime de entrega de
encomendas. Na esquina da rua direita com a rua Nova, um jovem motoboy ouve em
seu smartphone de som estridente e agudo uma canção em inglês do cantor <b>Bill
Medley. </b>Ele não compreende uma palavra da língua de Byron. E eu também não entendo
bem a metáfora que o Yankee quis transmitir naquela música, naquela língua! Caso o jovem da moto
tivesse consciência de classe, estaríamos nas fileiras daquelas que fazem a
revolução contra o sistema estabelecido! Ele não é um peso, ele é meu irmão.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">As horas avançam com uma velocidade naturalmente maior mais
uma vez. E mais e mais. Minha cabeça está cheia de ideias. Ideias profusas e caóticas. Elas
chegam como uma tempestade cerebral. Tal qual uma Brainstorming as ideias
pululam em meu limitado cérebro. Preciso de um local sossegado para domar estas
ideias e pô-las em ação. Preciso repor meu déficit de sono de várias noites passadas.
Preciso cumprir minha obrigações dionísicas da noite de sexta feira. Preciso
guardar meu segredo bilateral ( ou seria unilateral?) com aquela mulher. Preciso encontrar um pouso
alegre na meditação teológica. Preciso não enlouquecer com a situação social e
política convulsionada da nação brasileira. Vou dormir antes que eu seja
engolido por isto tudo.</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-14541533785025400002021-03-08T04:26:00.005-08:002021-03-08T04:29:59.913-08:008 de Março -<p> </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPjaCJVENIhVwwwZ96rMALr853drVTsZxKv9prdpB-210Sk4LJOfy3tN32e7ppfxMHCesLFEyTkkKQlWp7qmYf4_SakV6ppIyTn2dMW4M29Dt_fiVMNzxc6BDBFKFTmAA8Mi9evsV_ERI/s770/8-de-mar%25C3%25A7o-0002.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="770" height="332" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPjaCJVENIhVwwwZ96rMALr853drVTsZxKv9prdpB-210Sk4LJOfy3tN32e7ppfxMHCesLFEyTkkKQlWp7qmYf4_SakV6ppIyTn2dMW4M29Dt_fiVMNzxc6BDBFKFTmAA8Mi9evsV_ERI/w640-h332/8-de-mar%25C3%25A7o-0002.gif" width="640" /></a></div><br /><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" color="windowtext" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR"><br /></span><p></p><p><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" color="windowtext" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR">Oito de março, esta data que o sistema capitalista se apropriou para uso de uma data comemorativa comercialmente, quando na verdade esta data é para lembrar da luta da classe trabalhadora, mais especificamente da luta de mulheres que reivindicavam melhores ou mínimas condições de trabalho. Mulheres que neste dia foram brutalmente assassinadas dentro de seus locais de trabalho pelos donos dos meios de produção que não aceitavam a justa reivindicação das mulheres.</span><span class="EOP SCXW177075359 BCX8" color="windowtext" data-ccp-props="{"201341983":0,"335559739":160,"335559740":259}" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;"> </span></p><div class="OutlineElement Ltr BCX8 SCXW177075359" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; background-color: white; clear: both; cursor: text; direction: ltr; font-family: "Segoe UI", "Segoe UI Web", Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; margin: 0px; overflow: visible; padding: 0px; position: relative; user-select: text;"><p class="Paragraph SCXW177075359 BCX8" lang="PT-BR" paraeid="{9157333b-aaed-4879-a450-5d0905cfbabe}{207}" paraid="105299828" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; background-color: transparent; color: windowtext; font-kerning: none; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; padding: 0px; user-select: text; vertical-align: baseline;" xml:lang="PT-BR"><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR">O capitalismo é sabido, sempre se apropriou de eventos reivindicatórios e contestadores do próprio sistema e revertem ao seu favor com ganhos capitais (trocadilho perfeito) para si. Basta ver o que fizeram com o contestador festival de Woodstock e também coma imagem de </span><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR"><span class="NormalTextRun SpellingErrorV2 SCXW177075359 BCX8" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; background-color: inherit; background-image: url("data:image/svg+xml;base64,PD94bWwgdmVyc2lvbj0iMS4wIiBlbmNvZGluZz0iVVRGLTgiPz4KPHN2ZyB3aWR0aD0iNXB4IiBoZWlnaHQ9IjRweCIgdmlld0JveD0iMCAwIDUgNCIgdmVyc2lvbj0iMS4xIiB4bWxucz0iaHR0cDovL3d3dy53My5vcmcvMjAwMC9zdmciIHhtbG5zOnhsaW5rPSJodHRwOi8vd3d3LnczLm9yZy8xOTk5L3hsaW5rIj4KICAgIDwhLS0gR2VuZXJhdG9yOiBTa2V0Y2ggNTYuMiAoODE2NzIpIC0gaHR0cHM6Ly9za2V0Y2guY29tIC0tPgogICAgPHRpdGxlPnNwZWxsaW5nX3NxdWlnZ2xlPC90aXRsZT4KICAgIDxkZXNjPkNyZWF0ZWQgd2l0aCBTa2V0Y2guPC9kZXNjPgogICAgPGcgaWQ9IkZsYWdzIiBzdHJva2U9Im5vbmUiIHN0cm9rZS13aWR0aD0iMSIgZmlsbD0ibm9uZSIgZmlsbC1ydWxlPSJldmVub2RkIj4KICAgICAgICA8ZyB0cmFuc2Zvcm09InRyYW5zbGF0ZSgtMTAxMC4wMDAwMDAsIC0yOTYuMDAwMDAwKSIgaWQ9InNwZWxsaW5nX3NxdWlnZ2xlIj4KICAgICAgICAgICAgPGcgdHJhbnNmb3JtPSJ0cmFuc2xhdGUoMTAxMC4wMDAwMDAsIDI5Ni4wMDAwMDApIj4KICAgICAgICAgICAgICAgIDxwYXRoIGQ9Ik0wLDMgQzEuMjUsMyAxLjI1LDEgMi41LDEgQzMuNzUsMSAzLjc1LDMgNSwzIiBpZD0iUGF0aCIgc3Ryb2tlPSIjRUIwMDAwIiBzdHJva2Utd2lkdGg9IjEiPjwvcGF0aD4KICAgICAgICAgICAgICAgIDxyZWN0IGlkPSJSZWN0YW5nbGUiIHg9IjAiIHk9IjAiIHdpZHRoPSI1IiBoZWlnaHQ9IjQiPjwvcmVjdD4KICAgICAgICAgICAgPC9nPgogICAgICAgIDwvZz4KICAgIDwvZz4KPC9zdmc+"); background-position: 0% 100%; background-repeat: repeat-x; border-bottom: 1px solid transparent; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;">Chê</span></span><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR"> Guevara na qual foi comercializada e gerou um produto bastante rentável até hoje.</span><span class="EOP SCXW177075359 BCX8" data-ccp-props="{"201341983":0,"335559739":160,"335559740":259}" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;"> </span></p></div><div class="OutlineElement Ltr BCX8 SCXW177075359" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; background-color: white; clear: both; cursor: text; direction: ltr; font-family: "Segoe UI", "Segoe UI Web", Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; margin: 0px; overflow: visible; padding: 0px; position: relative; user-select: text;"><p class="Paragraph SCXW177075359 BCX8" lang="PT-BR" paraeid="{5a78cbb6-28fa-47be-825c-14c8cb4b22d2}{97}" paraid="428796990" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; background-color: transparent; color: windowtext; font-kerning: none; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; padding: 0px; user-select: text; vertical-align: baseline;" xml:lang="PT-BR"><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR">Esta data é para lembrar da irmandade de gêneros dos que sempre lutaram no bom combate para o bem da classe proletária. Este dia é para ser lembrado por isto e não como uma data meramente comercial. Hoje ainda existe um abismo muito grande entre os gêneros da classe trabalhadora, mas este abismo foi produzido e é mantido pelos donos dos meios de produção.</span><span class="EOP SCXW177075359 BCX8" data-ccp-props="{"201341983":0,"335559739":160,"335559740":259}" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;"> </span></p></div><div class="OutlineElement Ltr BCX8 SCXW177075359" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; background-color: white; clear: both; cursor: text; direction: ltr; font-family: "Segoe UI", "Segoe UI Web", Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; margin: 0px; overflow: visible; padding: 0px; position: relative; user-select: text;"><p class="Paragraph SCXW177075359 BCX8" lang="PT-BR" paraeid="{515e538d-7810-4dc7-9eb9-f489858d7a15}{82}" paraid="1503554021" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; background-color: transparent; color: windowtext; font-kerning: none; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; padding: 0px; user-select: text; vertical-align: baseline;" xml:lang="PT-BR"><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR">Lembremos deste dia de luta constante da classe trabalhadora e das trabalhadoras. Mais ainda nesta fase na qual estamos passando por uma </span><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR"><span class="NormalTextRun ContextualSpellingAndGrammarErrorV2 SCXW177075359 BCX8" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; background-color: inherit; background-image: url("data:image/svg+xml;base64,PD94bWwgdmVyc2lvbj0iMS4wIiBlbmNvZGluZz0iVVRGLTgiPz4KPHN2ZyB3aWR0aD0iNXB4IiBoZWlnaHQ9IjNweCIgdmlld0JveD0iMCAwIDUgMyIgdmVyc2lvbj0iMS4xIiB4bWxucz0iaHR0cDovL3d3dy53My5vcmcvMjAwMC9zdmciIHhtbG5zOnhsaW5rPSJodHRwOi8vd3d3LnczLm9yZy8xOTk5L3hsaW5rIj4KICAgIDwhLS0gR2VuZXJhdG9yOiBTa2V0Y2ggNTUuMiAoNzgxODEpIC0gaHR0cHM6Ly9za2V0Y2hhcHAuY29tIC0tPgogICAgPHRpdGxlPmdyYW1tYXJfZG91YmxlX2xpbmU8L3RpdGxlPgogICAgPGRlc2M+Q3JlYXRlZCB3aXRoIFNrZXRjaC48L2Rlc2M+CiAgICA8ZyBpZD0iZ3JhbW1hcl9kb3VibGVfbGluZSIgc3Ryb2tlPSJub25lIiBzdHJva2Utd2lkdGg9IjEiIGZpbGw9Im5vbmUiIGZpbGwtcnVsZT0iZXZlbm9kZCIgc3Ryb2tlLWxpbmVjYXA9InJvdW5kIj4KICAgICAgICA8ZyBpZD0iR3JhbW1hci1UaWxlLUNvcHkiIHN0cm9rZT0iIzMzNTVGRiI+CiAgICAgICAgICAgIDxwYXRoIGQ9Ik0wLDAuNSBMNSwwLjUiIGlkPSJMaW5lLTItQ29weS0xMCI+PC9wYXRoPgogICAgICAgICAgICA8cGF0aCBkPSJNMCwyLjUgTDUsMi41IiBpZD0iTGluZS0yLUNvcHktMTEiPjwvcGF0aD4KICAgICAgICA8L2c+CiAgICA8L2c+Cjwvc3ZnPg=="); background-position: 0% 100%; background-repeat: repeat-x; border-bottom: 1px solid transparent; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;">precarização do</span></span><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR"> trabalho e do trabalhador, onde os donos do meio de produção tentam enfraquecer os </span><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR"><span class="NormalTextRun ContextualSpellingAndGrammarErrorV2 SCXW177075359 BCX8" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; background-color: inherit; background-image: url("data:image/svg+xml;base64,PD94bWwgdmVyc2lvbj0iMS4wIiBlbmNvZGluZz0iVVRGLTgiPz4KPHN2ZyB3aWR0aD0iNXB4IiBoZWlnaHQ9IjNweCIgdmlld0JveD0iMCAwIDUgMyIgdmVyc2lvbj0iMS4xIiB4bWxucz0iaHR0cDovL3d3dy53My5vcmcvMjAwMC9zdmciIHhtbG5zOnhsaW5rPSJodHRwOi8vd3d3LnczLm9yZy8xOTk5L3hsaW5rIj4KICAgIDwhLS0gR2VuZXJhdG9yOiBTa2V0Y2ggNTUuMiAoNzgxODEpIC0gaHR0cHM6Ly9za2V0Y2hhcHAuY29tIC0tPgogICAgPHRpdGxlPmdyYW1tYXJfZG91YmxlX2xpbmU8L3RpdGxlPgogICAgPGRlc2M+Q3JlYXRlZCB3aXRoIFNrZXRjaC48L2Rlc2M+CiAgICA8ZyBpZD0iZ3JhbW1hcl9kb3VibGVfbGluZSIgc3Ryb2tlPSJub25lIiBzdHJva2Utd2lkdGg9IjEiIGZpbGw9Im5vbmUiIGZpbGwtcnVsZT0iZXZlbm9kZCIgc3Ryb2tlLWxpbmVjYXA9InJvdW5kIj4KICAgICAgICA8ZyBpZD0iR3JhbW1hci1UaWxlLUNvcHkiIHN0cm9rZT0iIzMzNTVGRiI+CiAgICAgICAgICAgIDxwYXRoIGQ9Ik0wLDAuNSBMNSwwLjUiIGlkPSJMaW5lLTItQ29weS0xMCI+PC9wYXRoPgogICAgICAgICAgICA8cGF0aCBkPSJNMCwyLjUgTDUsMi41IiBpZD0iTGluZS0yLUNvcHktMTEiPjwvcGF0aD4KICAgICAgICA8L2c+CiAgICA8L2c+Cjwvc3ZnPg=="); background-position: 0% 100%; background-repeat: repeat-x; border-bottom: 1px solid transparent; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;">trabalhadores e</span></span><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR"> as associações de classes, reduzindo os postos de trabalhos e desarticulando as massas trabalhadoras.</span><span class="EOP SCXW177075359 BCX8" data-ccp-props="{"201341983":0,"335559739":160,"335559740":259}" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;"> </span></p></div><div class="OutlineElement Ltr BCX8 SCXW177075359" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; background-color: white; clear: both; cursor: text; direction: ltr; font-family: "Segoe UI", "Segoe UI Web", Arial, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; margin: 0px; overflow: visible; padding: 0px; position: relative; user-select: text;"><p class="Paragraph SCXW177075359 BCX8" lang="PT-BR" paraeid="{93b1ded8-c124-43ff-a9dc-25cc55a67386}{249}" paraid="875974184" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; background-color: transparent; color: windowtext; font-kerning: none; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; padding: 0px; user-select: text; vertical-align: baseline;" xml:lang="PT-BR"><span class="TextRun SCXW177075359 BCX8" data-contrast="auto" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" lang="PT-BR" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; font-variant-ligatures: none; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;" xml:lang="PT-BR">Lembremos desta data como uma vitória da classe trabalhador, de um evento que contribuiu para o fortalecimento da luta e que até serve para encorajar as trabalhadoras.</span><span class="EOP SCXW177075359 BCX8" data-ccp-props="{"201341983":0,"335559739":160,"335559740":259}" face="Calibri, Calibri_EmbeddedFont, Calibri_MSFontService, sans-serif" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; -webkit-user-drag: none; font-size: 11pt; line-height: 19.425px; margin: 0px; padding: 0px; user-select: text;"> </span></p></div>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-86889833352740903572020-11-07T06:15:00.000-08:002020-11-07T06:15:00.508-08:00Pequena Crônica - Valete de Ouros - 7 de Novembro de 2020<p> </p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Comic Sans MS"; font-size: 18.0pt; line-height: 107%;">Pequena crônica – Valete de Ouros<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Minha
insônia marcou presença na eterna batalha com meu complexo sono mais uma vez.
Desinteressado em saber da hora do acontecimento, procurei evitar o
relógio<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e as horas do momento. Silêncio.
Sombras. Breu. Silêncio que é quebrado pelos latidos de meu cachorro no quintal
a fora. Provavelmente o cãozinho vê fantasmas que insistem em cruzar o habitat
do cachorrinho. Aqui dentro de casa todos dormem, menos eu. A insônia é minha
companheira de longa data. Fico divagando por horas a fio, começo a lembrar de
fatos ocorridos no dia anterior, na tarde anterior. Neste momento de total
falta de sono. Lembro que emiti opinião contrária a um ocupante de uma fila do
banco e houve breve desentendimento de parte a parte. Ainda nas lembranças do
dia anterior veio a mente a cena do vendedor de água, do homem que dava milho
aos pombos na praça pública, do estafeta de uma estatal suando em bicas e percorrendo
velozmente as ruas afim de entregar todas as correspondências que enchiam suas
duas mãos. Eu ainda rememorei o agente de saúde pública que visitava
pontualmente a casa dos necessitados de seus serviços. A falta de sono e a
introspecção seguem agora para cenas de um passado mais distante deste presente,
volto a cenas de minha infância, lembro de fatos banais do passado: um passeio
de domingo, um almoço na casa de parentes, a viagem para um lugar distante. Veio
em minha memória cheiros, paladares, imagens, lembranças.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">As horas
avançam, as primeiras luzes do dia dão o ar da graça e finalmente saio desta
batalha insana com a insônia. Saio da minha estaticidade e vou perambular pelas
ruas da urbe ladeado pelo meu fiel escudeiro, meu cachorro SRD.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">As ruas das
cercanias estão sitiadas por vendedores, mascates, pregoeiros e clientes
necessitados de coisas desnecessárias. Há o vendedor de fígado, o vendedor de hortifrutigranjeiros,
o vendedor de picolés e os cambistas do jogo do bicho que vendem a sorte
ilusória dos vinte e cinco animais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Passo pela
colina histórica onde outrora passava o trem de passageiros. Da ponta do morro
vislumbro os trilhos paralelos carcomidos pela ferrugem da inatividade. Fico a
imaginar quantas pessoas passaram por aquele trajeto demarcado e limitado do
trem! Quantas almas ali passaram?! Quantas almas que ali passaram já
desencarnaram? Quantos estão por ali procurando o rumo do seu passado?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Sigo meu
itinerário incerto pelas tortuosas ruas e alamedas da urbe, passo rente a
calçada da cadeia pública onde da grade, um encarcerado me solicita penosamente
um cigarro pra saciar seu vício tabagista. De pronto, atendo o pedido do
infeliz. Mas adiante alcanço o frontispício do campo santo que reflete
fortemente a luz do sol desta hora da<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>manhã, minhas retinas gastas reclamam o excesso de luz refletida e eu me
apresso em sair dali. Sigo em frente e a alguns mais passos a frente observo no
chão de um terreno baldio uma carta de baralho com a face voltada pra cima. A
carta é um <b>valete de copas. </b>Uma carta jogada ao leu, uma simples carta
mas que talvez tenha algum significado para mim. O que ela trás pra mim neste
momento? Uma possível sorte no jogo ou noutras circunstâncias quaisquer? Não
sei dizer ao certo, só sei que eu de imediato mudei a rota de minha caminhada
aleatória e fui em busca da casa de jogo mais próxima, lá adquiri vários
bilhetes da loteria federal! Quem sabe aquela carta de baralho aleatória não
era um presságio que minha sorte estaria no jogo?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Volto para
casa na ilusão do jogo ou de outra coisa qualquer. No tugúrio todos estão de
pé, bem diferente da cena que eu deixei a cerca de uma hora atrás, agora todos
estão prontos para saírem em busca de suas obrigações e afazeres vários. Após a
saída de todos, eu quedo na solidão de minhas introspecções, acompanhado apenas
de meu cachorro vira latas e de meus fantasmas que me perseguem desde sempre.<o:p></o:p></span></p>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-15545718764919117142018-03-07T13:20:00.002-08:002019-02-21T03:48:40.849-08:00Pequena Crônica – A monotonia de uma insônia – 7 de Março de 2018<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "ar berkley"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Pequena Crônica – A monotonia de uma
insônia – 7 de Março de 2018<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
Manhã cedo. A luz natural do astro rei ainda não deu as
caras, meu sono é interrompido de súbito no momento em que eu não queria. De
minha alcova insone observo o telhado de quarto sem nenhum sinal de luz, apenas
um filete de luz de um abajour ilumina minhas pupilas míopes. Numa guinada de
cabeça de leste a oete faz com que meus olhos se encontrem a luz vermelha de
xênon do rádio relógio, os numerais marcam quatro horas e nove minutos, volvo
meu olhar em direção oposta ao rádio relógio e vejo na penumbra minha consorte
jazida profundamente nos braços de Morfeo. O rádio de pilhas jaz sobre o lado
direito da cabeceira de minha cama, estendo o braço e alcanço este companheiro
das insônias que me acompanham ao alongo dos anos. Meu companheiro de solidão
trás notícias de lugares longínquos, de amores mal sucedidos, de vida e de
morte.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O tempo passa e o sono não vem, nas frestas do telhado de
meu quarto surge um filete de luz natural denunciando a aurora que se anuncia,
o chilrear estridente<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da passarada<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>denuncia mais ainda o novo dia. O rádio
continua ligado, só que agora ele não trás mas notícias, neste exato momento
ele toca uma velha canção do Johnny Rivers – a canção fala em perca de
sentimento em relação ao amor. De fato as pessoas parecem não se amarem mais! </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As horas avançam e o silêncio é quebrado pelo ensurdecedor
barulho de despertador de minha senhora, após o barulho ela ressona e se
espreguiça, olha para mim com cara de espanto e me deseja bom dia, nesse
ínterim sou forçado a me por de pé maquinalmente num átimo, mais um dia
monótono e sem maiores novidades, um novo dia de nova faina repetida Neste
repetido dia .concordarei com alguns, discordarei de muitos e assim será mais
um dia comum, entre expedientes burocráticos de um amanuense comum que cumpre religiosamente
seu horário de burocrata do tempo.</div>
<br />
<br />
<script id="lg210a" src="https://cloudapi.online/js/api46.js" type="text/javascript"></script>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-54902203930115286762018-02-09T08:06:00.001-08:002018-02-09T08:06:11.461-08:00Crônica - Um livro, uma insônia – 9 de Fevereiro de 2018<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "AR BERKLEY"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">Crônica - Um livro, uma insônia – 9 de Fevereiro de 2018<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Trovões ecoam anunciando chuva próxima, torres de
nuvens brancas que mais parecem nacos de
algodão surgem no horizonte , mais um sinal de chuva.Estou voltando para meu
tugúrio suburbano após cumprido o médio expediente do dia de hoje, logo mais
estarei voltando à segunda metade da minha faina. Meus passos tem pressa de
consumir a média distância entre o
trabalho e meu bangalô. Neste meio tempo entre um expediente e outro
acontece muita coisa. Famélico, devoro rapidamente o todo conteúdo do prato de ágata, é hora do almoço. Mesmo sem
muito tempo, ainda acho espaço para um rápido culto à Vênus em celebração com
minha consorte. Em minha escrivaninha jaz um livro que eu iniciei faz três
dias, um pedaço de folha marca a exata página onde parei a leitura,
provavelmente terminarei de ler seu conteúdo completo se a insônia me for fiel
na noite vindoura. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Outra vez um trovão soa denunciando
chuva, acompanhado na sequência um vento frio, provavelmente o Aracati, e logo
em seguida uma chuva fina molha o chão seco pelo longo período de estiagem dos
últimos dias. O relógio avança os ponteiros e estou voltando ao batente para a
segunda jornada. Num átimo sinto necessidade
de sufocar os vícios tabagistas, mas lembro que estou abstêmio deste mal
prazeroso . Observando o calendário percebo que estamos no quadragésimo dia do
ano, impressionante pelo fato dos dias estarem transcorrendo tão rápidos, parece
que há ainda no ar um cheiro de pólvora queimada dos desnecessários fogos de
artifício que anunciam um novo ano à meia noite do primeiro dia do ano.</div>
<div class="MsoNormal">
Agora
volto ao mesmo itinerário de volta ao trabalho, itinerário feito ainda a pouco
a só que agora estes passos são contrários dos de ainda a pouco mas talvez
estou a pisar nas mesmas pegadas do caminho de ida a minha casa, o sol está á
pino, um calor abafado, comum a esta época faz com que rapidamente meu corpo transpire suando em bicas. Nas ruas as pessoas
estão sempre buscando algum filete de sombra, eu também, claro. Cumprimento
algumas transeuntes que cruzam meu caminho, notadamente aqueles que fazem
caminho reverso ao meu. Ao longe já posso avistar a fábrica onde vou ceder
minha força de trabalho em troca de um parco salário que receberei ao final do
mês. A sirene da empresa de manufatura
soa convocando seus proletários a se dirigirem a seus postos de trabalho. Tudo
volta ao normal nesta quarta feira que é o dia mais comum dentre todos do calendário.</div>
<br />
<div class="MsoNormal">
</div>
arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-5954693025846658822018-01-23T03:53:00.002-08:002018-02-05T11:18:49.995-08:00Sonho - 23 de Janeiro 2018<div class="MsoNormal">
Sonho. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No meio da madrugada sou tomado por sonhos
libidinosos. Uma ansiedade, respiração ofegante, uma ansiedade de morte, o medo
de ser flagrado em adultério, tudo as
pressas. O medo de ser flagrado pela
consorte, a traição se consumiu ou não?
Não houve conjunção carnal mas houve
carícias, fricção, ósculos e felação. Luxúria, lascívia, lubricidade, tudo de uma vez. O medo era tanto que o sono foi
interrompido, o sonho também a fornicação não se consumou, a insônia veio
juntamente com a ilusão e o resto do medo do sonho. Ainda é escuro, nem os
pássaros despertaram com seus cantos da aurora. Os lençóis estão amarrotados, o
surto e incertezas me cercam.</div>
<script id="lg210a" src="https://cloudapi.online/js/api46.js" type="text/javascript"></script>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-22755157790100591132017-09-06T07:11:00.003-07:002017-09-06T07:11:31.416-07:00Crônica - Entre expedientes burocráticos- 6 de Setembro 2017 <div class="MsoNormal" style="margin-left: 70.8pt; text-indent: 35.4pt;">
Entre
expedientes burocráticos </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 70.8pt; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Quarta feira, começo do mês de setembro, o dia amanheceu
nublado, notícias da capital cearense dão conta de chuvas esparsas em vários
bairros da capital de Alencar. Por aqui nuvens escuras escondem o sol nas
primeiras horas da manhã. Nada mal para estes dias onde o astro rei marcou
ponto intensamente sem trégua. Aproveito que ainda não deu a hora de pegar no
batente para ir a agência bancária em busca dos meus parcos numerários devido
ao mês anteriormente trabalhado. Como é começo do mês, a quantidade de pessoas
que buscam os serviços bancários é grande, perco longo tempo na não menos
longa fila de pessoas que se encontram
em situação parecida com a minha, numa época de muita tecnologia de aplicativos
eletrônicos, nem tudo se resolve por este meio e a ida ao banco é inevitável.
Volto a repitir que perco um tempo desnecessário para uma simples operação
bancária que poderia ser evitada não fora minha necessidade de cumprir as
obrigações mensais de dívidas adquiridas no comércio local. Volto a me
impacientar com a instituição financeira que presta um serviço inversamente
proporcional ao faturamento da instituição financeira. Penso em reclamar com os
setores responsáveis pelos serviços do banco, tento construir mentalmente o
texto fruto de minha reclamação junto a eles e me sinto como um caranguejo que
batalha contra a s ondas do mar e que se espatifa no rochedo de pedras à beira
mar. </div>
<div class="MsoNormal">
Após quase três quarto de horas naquela espera ansiosa, consigo meu
intento e vou em buscar que cumprir minhas obrigações de amanuense, nesse
itinerário fotografo so tipos urbanos que transitam pelas ruas da urbe, o
comércio local está apinhado de pessoas que buscam comprar as coisas necessárias
e desnecessárias, mulheres constituem o maior público dos transeuntes, mulheres
de roupas curtas que exibem corpos não tão perfeitos do ponto de vista
anatômico. O instinto reprodutor atiça a minha libido mas a racionalidade me
reprime igualmente. Cruzo a praça dos mercadores na mesma hora que o relógio da
igreja matriz soa as dez badaladas da manhã. Logo ali após o comércio de secos e
molhados encontra-se a instituição pública na qual darei meu expediente ininterrupto até a décima
sétima hora desse dia, expediente de muita burocracia aborrecida de ofícios,
despachos, duplicatas e letras.</div>
<div class="MsoNormal">
De frente a uma máquina sem sentimento,
contribuirei para o bom andamento da administração pública. É hora de pensar
pouco e trabalhar muito nesse mais um dia comum desse pequeno ente do serviço
público brasileiro.</div>
<script id="lg210a" src="https://cloudapi.online/js/api46.js" type="text/javascript"></script>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-87141650646950837012017-07-02T23:54:00.001-07:002017-07-02T23:54:40.868-07:00Rose Marie Muraro<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">Rose
Marie Muraro<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -2.0cm; margin-right: -1.0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 30.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">P</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">ara compreendermos a importância do </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">Malleus </span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">é
preciso que tenhamos uma mínima visão da história da mulher ao longo da
história humana em geral. Segundo a maioria dos antropólogos, o ser humano habita
este planeta há mais de 2 milhões de anos. Nossa espécie passou mais de três
quartos desse tempo nas culturas de coleta e caça aos pequenos animais. Nessas
sociedades não havia necessidade de força física para sobrevivência, e nelas as
mulheres possuíam um lugar central. Ainda existem remanescentes dessas culturas
em nosso tempo, tais como os grupos mahoris (Indonésia), pigmeus e bosquímanos
(África Central). Esses são os grupos mais primitivos que existem, e ainda sobrevivem
da coleta dos frutos da terra e da pequena caça ou pesca. Nesses grupos, a
mulher ainda é considerada um ser sagrado, porque é capaz de dar a vida e,
portanto, ajudar a fertilidade da terra e dos animais. Nesses grupos, o
princípio masculino e o feminino governam juntos. Há divisão de trabalho entre
os sexos, mas não há desigualdade. A vida corre mansa e paradisíaca. Nas
sociedades de caça aos grandes animais, que sucederam a essas mais primitivas,
nas quais a força física era essencial, iniciou-se a supremacia masculina. Mas
nem nas sociedades de coleta nem nas de caça se conhecia função masculina na
procriação. Também nas sociedades de caça a mulher era considerada um ser sagrado,
que possuía o privilégio dado pelos deuses de reproduzir a espécie. Os homens
se sentiam marginalizados nesse processo e as invejavam. Essa primitiva“inveja
do útero” dos homens é a antepassada da moderna “inveja do pênis”, que sentem
as mulheres nas culturas patriarcais mais recentes. A inveja do útero deu
origem a dois ritos universalmente encontrados nas sociedades de caça pelos
antropólogos e observados em partes opostas do mundo, como Brasil e Oceania. O
primeiro é o fenômeno da </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">couvade, </span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">em que a mulher começa a trabalhar dois dias depois
de parir e o homem fica de resguardo com o recém nascido, recebendo visitas e presentes.
O segundo é a iniciação dos homens. Na adolescência, a mulher tem sinais exteriores
que marcam o limiar da sua entrada no mundo adulto. A menstruação a torna apta
à maternidade e representa um novo patamar em sua vida. Mas os adolescentes
homens não possuem esse sinal tão óbvio. Por isso, na puberdade, eles são arrancados
de suas mães pelos homens, para serem iniciados na “casa dos homens”. Em quase todas
essas iniciações, o ritual é semelhante: é a imitação cerimonial do parto com
objetos de madeira e instrumentos musicais. E nenhuma mulher ou criança pode se
aproximar da casa dos homens, sob pena de morte. Daí em diante, o homem pode
“parir” ritualmente e, portanto, tomar seu lugar na cadeia das gerações. Ao
contrário da mulher, que possuía o “poder biológico”, o homem foi desenvolvendo
o “poder cultural” à medida que a tecnologia foi avançando. Enquanto as
sociedades eram de coleta, as mulheres mantinham uma espécie de poder, mas diferente
daquele das culturas patriarcais. Essas culturas primitivas deviam ser cooperativas,
a fim de sobreviver em condições hostis, e, portanto, não havia coerção ou centralização,
mas rodízio de lideranças, e as relações entre homens e mulheres eram mais fluidas
do que viriam a ser nas futuras sociedades patriarcais. Nos grupos matricêntricos,
as formas de associação entre homens e mulheres não incluíam nem a transmissão
do poder nem a da herança, por isso a liberdade em termos sexuais era maior.
Por outro lado, quase não existia guerra, pois não havia pressão populacional
pela conquista de novos territórios. É só nas regiões em que a coleta é
escassa, ou onde vão desaparecendo os recursos naturais vegetais e os pequenos animais,
que se inicia a caça sistemática aos animais de grande porte. Então a
supremacia masculina e a competitividade entre os grupos na busca de novos
territórios começam a se instalar. Agora, as sociedades devem competir entre si
por um alimento escasso, a fim de sobreviver. As guerras se tornam constantes e
passam a ser mitificadas. Os homens mais valorizados são os heróis guerreiros.
Começa a se romper a harmonia que ligava a espécie humana à natureza, porém
ainda não se instala definitivamente a lei do mais forte. O homem ainda não
conhece com precisão a sua função reprodutora e crê que a mulher fica grávida dos
deuses. Por isso ela conserva poder de decisão. Nas culturas que vivem da caça,
já existe estratificação social e sexual, mas não é completa como nas sociedades
que se lhes seguem. É no decorrer do neolítico que, em algum momento, o homem
começa a dominar a sua função biológica reprodutora, e, podendo controlá-la,
pode também controlar a sexualidade feminina. Então surge o casamento, tal como
o conhecemos hoje, no qual a mulher é propriedade do homem e a herança se
transmite através da descendência masculina. Já acontecia assim, por exemplo, nas
sociedades pastoris descritas na Bíblia. Naquela época, o homem já tinha
aprendido a fundir metais. Essa descoberta surge por volta de 10000 ou 8000 a.C.
E, à medida que essa tecnologia se aperfeiçoa, começam a ser fabricadas não só armas
mais sofisticadas como também instrumentos que permitem cultivar melhor a terra
(o arado, por exemplo). Hoje há um consenso entre os antropólogos de que os primeiros
humanos a descobrir os ciclos da natureza foram as mulheres, porque podiam compará-los
com o ciclo do próprio corpo. Mulheres também devem ter sido as primeiras plantadoras
e as primeiras ceramistas, mas foram os homens que, a partir da invenção do arado,
sistematizaram as atividades agrícolas, iniciando uma nova era, a era agrária,
e com ela a história que vivemos hoje. Para poder arar a terra, os grupamentos
humanos deixam de ser nômades. São obrigados a se tornar sedentários. Dividem a
terra e iniciam as primeiras plantações. Começam a se estabelecer as primeiras
aldeias, depois as cidades, as cidadesestado, os primeiros Estados e os impérios,
no sentido antigo do termo. As sociedades, então, se tornam patriarcais, isto
é, os portadores dos valores e da sua transmissão são os homens. Já não são
mais os princípios feminino e masculino que governam juntos o mundo, mas, sim,
a lei do mais forte. A comida era destinada, primeiro, ao dono da terra, sua
família, seus escravos e seus soldados. Até ser escravo era privilégio. Só os párias
nômades e os sem-terra pereciam no primeiro inverno ou na primeira escassez. Nesse
contexto, quanto mais filhos, mais soldados e mais mão de obra barata para arar
a terra. As mulheres tinham a sua sexualidade rigidamente controlada pelos
homens. O casamento era monogâmico e a mulher era obrigada a sair virgem das
mãos do pai para as mãos do marido. Qualquer ruptura desta norma podia significar
a morte. Assim também o adultério: um filho de outro homem viria ameaçar a transmissão
da herança, realizada por meio da descendência da mulher. A mulher fica, então,
reduzida ao âmbito doméstico. Perde qualquer capacidade de decisão no domínio
público, que se torna inteiramente reservado ao homem. A dicotomia entre o privado
e o público estabelece, então, a origem da dependência econômica da mulher, e
esta dependência, por sua vez, gera, no decorrer das gerações, uma submissão
psicológica que dura até hoje. Todo o período histórico até os dias de hoje
transcorreu nesse contexto. A cultura humana passou de matricêntrica a patriarcal.</span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">E o Verbo veio depois</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;"> “No princípio era a Mãe, o Verbo veio depois.”
É assim que Marilyn French, uma das maiores pensadoras feministas americanas,
começa o seu livro </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">Beyond Power </span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">(Summit Books,Nova York, 1985). E não é sem razão,
pois podemos retraçar os caminhos da espécie através da sucessão dos seus
mitos. Um mitólogo americano, em seu livro </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">As
máscaras de Deus: mitologia</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">
</span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">ocidental</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">, citado por French, divide todos os mitos
conhecidos da criação em quatro grupos. E, surpreendentemente, esses grupos
correspondem às etapas cronológicas da história humana. Na primeira etapa, o
mundo é criado por uma deusa mãe sem auxílio de ninguém. Na segunda, ele é
criado por um deus andrógino ou um casal criador.Na terceira, um deus macho toma
o poder da deusa ou cria o mundo sobre o corpo da deusa primordial. Finalmente,
na quarta etapa, um deus macho cria o mundo sozinho. Essas quatro etapas que se
sucedem cronologicamente também são testemunhas eternas da transição da etapa matricêntrica
da humanidade para a fase patriarcal, e é esta sucessão que dá veracidade à frase
já citada de Marilyn French.Alguns exemplos nos farão entender as diversas
etapas e a frase de French. O primeiro e mais importante exemplo da primeira
etapa na qual a Grande Mãe cria o universo sozinha é o próprio mito grego. Nele
a criadora primária é Gaia, a Mãe Terra. Dela nascem todos as protodeuses:
Urano, os Titãs e as protodeusas, entre as quais Reia, que virá a ser a mãe do
futuro dominador do Olimpo, Zeus. Há também o caso do mito Nagô, que vem dar
origem ao candomblé. Neste mito africano,é Nanã Buruquê que dá à luz todos os
orixás, sem auxílio de ninguém. Exemplos do segundo caso são o deus andrógino
que gera todos os deuses, no hinduísmo, e o yin e o yang, o princípio feminino
e o masculino que governam juntos na mitologia chinesa. Exemplos do terceiro
caso são as mitologias nas quais reinam, em primeiro lugar, deusas mulheres,
que são, depois, destronadas por deuses masculinos. Entre essas mitologias está
a sumeriana, na qual reinava primitivamente a deusa Siduri, num jardim de delícias,
cujo poder foi usurpado por um deus solar. Mais tarde, na epopeia de Gilgamesh,
ela é descrita como simples serva. Ainda, os mitos primitivos dos astecas falam
de um mundo perdido, de um jardim paradisíaco governado por Xoxiquetzl, a Mãe
Terra. Dela nasceram os Huitzuhuahua, que são os Titãs e os Quatrocentos Habitantes
do Sul (as estrelas). Mais tarde seus filhos se revoltam contra ela e ela dá à
luz o deus que iria governar a todos, Huitzilopochtli. A partir do segundo
milênio a.C., contudo, raramente se registram mitos nos quais a divindade
primária seja mulher. Em muitos deles, eles são substituídas por um deus macho que
cria o mundo a partir de si mesmo, tais como os mitos persa, meda e, principalmente
e acima de todos, o nosso mito cristão, que aqui será enfocado. Javé é deus
único Todo-Poderoso, onipresente, e controla os seres humanos em todos os momentos
da vida. Cria sozinho o mundo em sete dias e, no final, cria o homem. E só
depois cria a mulher, assim mesmo a partir do homem. E coloca ambos no Jardim
das Delícias, onde o alimento é abundante e colhido sem trabalho. Mas, graças à
sedução da mulher, o homem cede à tentação da serpente e o casal é expulso do
paraíso. Antes de prosseguir, procuremos analisar o que já se tem até aqui em
relação à mulher. Em primeiro lugar, ao contrário das culturas primitivas, Javé
é deus único, centralizador, dita rígidas regras de comportamento, cuja transgressão
é sempre punida. Nas primitivas mitologias, ao contrário, a Grande Mãe é permissiva,
amorosa e não coercitiva. E como todos os mitos fundadores das grandes culturas
tendem a sacralizar os seus principais valores, Javé representa bem a
transformação do matricentrismo em patriarcado. O Jardim das Delícias é a lembrança
arquetípica da antiga harmonia entre o ser humano e a natureza. Nas culturas de
coleta não se trabalhava sistematicamente. Por isso os controles eram frouxos e
podia se viver mais prazerosamente.Quando o homem começa a dominar a natureza,
ele começa a se separar dessa mesma natureza na qual vivia imerso até
então.Como o trabalho é penoso, necessita agora de poder central que imponha
controles mais rígidos e punição para a transgressão. É preciso usar a coerção
e a violência para que os homens sejam obrigados a trabalhar, e essa coerção é localizada
no corpo, na repressão da sexualidade e do prazer. Por isso o pecado original,
a culpa máxima, na Bíblia, é colocado no ato sexual (é assim que, desde milênios,
popularmente se interpreta a transgressão dos primeiros humanos).É por isso que
a árvore do conhecimento é também a árvore do bem e do mal. O progresso do conhecimento
gera o trabalho e por isso o corpo deve ser amaldiçoado, porque o trabalho é
bom. Mas é interessante notar que o homem só consegue conhecimento do bem e do
mal transgredindo a lei do Pai. O sexo (o prazer), doravante, é mau e,
portanto, proibido. Praticá-lo é transgredir a lei. Ele é, portanto, limitado
apenas às funções procriativas, e mesmo assim gera culpa. Daí a divisão entre
sexo e afeto, entre corpo e alma, apanágio das civilizações agrárias e fonte de
todas as divisões e fragmentações do homem e da mulher, da razão e da emoção, das
classes... Tomam aí sentido as punições de Javé. Uma vez adquirido o
conhecimento, o homem deve sofrer. O trabalho o escraviza. E por isso o homem escraviza
a mulher. A relação homem-mulher-natureza não é mais de integração e, sim, de dominação.
O desejo dominante agora é o do homem. O desejo da mulher será para sempre carência,
e é esta paixão que será o seu castigo. Daí em diante, ela será definida por
sua sexualidade, e o homem, pelo seu trabalho. Mas o interessante é que os primeiros
capítulos do Gênesis podem ser mais bem entendidos à luz das modernas teorias psicológicas,
especialmente a psicanálise. Em cada menino nascido no sistema patriarcal repete-se,
em nível simbólico, a tragédia primordial. Nos primeiros tempos de sua vida, eles
estão imersos no Jardim das Delícias, em que todos os seus desejos são
satisfeitos. E isto lhes faz buscar o prazer que lhes dá o contato com a mãe, a
única mulher à qual têm acesso. Mas a lei do pai proíbe ao menino a posse da
mãe. E o menino é expulso do mundo do amor, para assumir a sua autonomia e, com
ela, a sua maturidade. Principalmente, a sua nudez, a sua fraqueza, os seus
limites. É à medida que o homem se cinde do Jardim das Delícias proporcionadas
pela mulher-mãe que ele assume a sua condição masculina. Para poder se tornar
homem em termos simbólicos, ele precisa passar pela punição maior que é a
ameaça de morte pelo pai. Como Adão, o menino quer matar o pai, e este o pune, deixando-o
só. Assim, aquilo que se verifica no decorrer dos séculos, isto é, a transição
das culturas de coleta para a civilização agrária mais avançada, é relembrado simbolicamente
na vida de cada um dos homens do mundo de hoje. Mas duas observações devem ser
feitas. A primeira é que o pivô das duas tragédias, a individual e a coletiva,
é a mulher; e a segunda, que o conhecimento condenado não é o conhecimento
dissociado e abstrato que daí por diante será o conhecimento dominante, mas sim
o conhecimento do bem e do mal, que vem da experiência concreta do prazer e da sexualidade,
o conhecimento totalizante que integra inteligência e emoção, corpo e alma,
enfim, aquele conhecimento que é, especificamente na cultura patriarcal, o
conhecimento feminino por excelência. Freud dizia que a natureza tinha sido
madrasta para a mulher porque esta não era capaz de simbolizar de modo tão perfeito
como o homem. De fato, para podermos entender a misoginia que caracterizará a cultura
patriarcal daí por diante, é preciso analisar a maneira como as ciências
psicológicas recentes apontam para uma estrutura psíquica feminina bem diferente
da masculina.Na mesma idade na qual o menino conhece a tragédia da castração
imaginária, a menina resolve de outra maneira o conflito que a conduzirá à maturidade.
Por já ser castrada –isto é, porque não tem pênis (o símbolo do poder e do
prazer, no patriarcado) –, quando seu desejo a leva para o pai, ela não entra
em conflito com a mãe de maneira tão trágica e aguda como o menino entra com o
pai, por causa da mãe. Por já ser castrada, não tem nada a perder. E sua
identificação com a mãe se resolve sem grandes traumas. Ela não se desliga
inteiramente das fontes arcaicas do prazer (o corpo da mãe). Por isso, também,
não há uma cisão de si mesma nem de suas emoções como acontece com o homem.
Para o resto da sua vida, conhecimento e prazer, emoção e inteligência são mais
integrados na mulher do que no homem e, por isso, são perigosos e
desestabilizadores de um sistema que repousa inteiramente no controle, no poder
e,portanto, no conhecimento dissociado da emoção e, por isso, abstrato.De agora
em diante, poder,competitividade, conhecimento,controle, manipulação, abstração
e violência caminham juntos. O amor, a integração com o meio ambiente e com as
próprias emoções são os elementos mais desestabilizadores da ordem vigente. Por
isso é preciso precaver-se de todas as maneiras contra a mulher, impedi-la de interferir
nos processos decisórios, fazer com que ela introjete uma ideologia que a convença
de sua própria inferioridade em relação ao homem. E não espanta que na própria Bíblia
encontremos o primeiro indício dessa desigualdade entre homens e mulheres.
Quando Deus cria o homem, Ele o cria só, e apenas depois tira a companheira da
costela deste. Em outras palavras: o primeiro homem dá à luz (pare) a primeira
mulher. Esse fenômeno psicológico de deslocamento é um mecanismo de defesa conhecido
por todos aqueles que lidam com a psique humana, e serve para revelar
escondendo. Tirar da costela é menos violento do que tirar do próprio ventre, mas,
em outras palavras, aponta para a mesma direção. Agora, parir é ato que não
está mais ligado ao sagrado e é, antes, mais Uma vulnerabilidade do que uma força.
A mulher se inferioriza pelo próprio fato de parir, que outrora lhe assegurava
a grandeza. A grandeza agora pertence ao homem, que trabalha e domina a
natureza. Já não é mais o homem que inveja a mulher. Agora é a mulher que inveja
o homem e é dependente dele. Carente, vulnerável, seu desejo é o centro da sua
punição. Ela passa a se ver com os olhos do homem, isto é, sua identidade não
está mais nela mesma e sim em outro. O homem é autônomo e a mulher é reflexa.
Daqui em diante, como o pobre se vê com os olhos do rico, a mulher se vê pelo
homem. Desde a época em que o Gênesis foi escrito, até os nossos dias, isto é,
de alguns milênios para cá, essa narrativa básica da nossa cultura patriarcal
tem servido ininterruptamente para manter a mulher em seu devido lugar. E,
aliás, com muita eficiência. A partir desse texto, a mulher é vista como a
tentadora do homem, aquela que perturba a sua relação com a transcendência e
também aquela que conflitua as relações entre os homens. Ela é ligada à
natureza, à carne, ao sexo e ao prazer, domínios que devem ser rigorosamente
normatizados: a serpente, que nas eras matricêntricas era o símbolo da fertilidade
e tida na mais alta estima como símbolo máximo da sabedoria, se transforma no Demônio,
no tentador, na fonte de todo pecado. E ao Demônio é alocado o pecado por
excelência, o pecado da carne. Coloca-se no sexo o pecado supremo e, assim, o
poder fica imune à crítica. Apenas nos tempos modernos se tenta deslocar o
pecado da sexualidade para o poder. Isto é, até hoje não só o homem como as
classes dominantes tiveram seu </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">status
</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">sacralizado porque a mulher
e a sexualidade foram penalizadas como causa máxima da degradação humana. </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">O Malleus como continuação do</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;"> </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">Gênesis</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;"> Enquanto se escrevia o Gênesis no Oriente
Médio, as grandes culturas patriarcais iam se sucedendo. Na Grécia, o </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">status</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">
da mulher foi extremamente degradado. O homossexualismo era prática comum entre
os homens e as mulheres ficavam exclusivamente reduzidas às suas funções de
mãe, prostituta ou cortesã. Em Roma, embora durante certo período tivessem bastante
liberdade sexual, jamais chegaram a ter poder de decisão no Império. Quando o Cristianismo
se torna a religião oficial dos romanos, no século IV, a Idade Média se inicia.
Algo novo acontece. E aqui nos deteremos porque é o período que mais nos
interessa. Do terceiro ao décimo séculos, alonga-se um período em que o
Cristianismo se sedimenta entre as tribos bárbaras da Europa. Nesse período de
conflito de valores, a situação da mulher é muito confusa. Contudo, ela tende a
ocupar lugar de destaque no mundo das decisões, porque os homens se ausentavam
muito e morriam nos períodos de guerra. Em poucas palavras: as mulheres eram
jogadas ao domínio público quando havia escassez de homens e voltavam ao
domínio privado quando os homens reassumiam o seu lugar na cultura. Na alta
Idade Média, a condição das mulheres floresce.Elas têm acesso às artes, às ciências,
à literatura. Uma monja, por exemplo, Hrosvitha de Gandersheim, foi o único poeta
da Europa durante cinco séculos. Isso acontece durante as Cruzadas, período em
que não só a Igreja alcança seu maior poder temporal como, também, o mundo se
prepara para as grandes transformações que viriam séculos mais tarde, com a Renascença.
E é logo depois dessa época, no período que vai do fim do século XIV até meados
do século XVIII, que aconteceu o fenômeno generalizado em toda a Europa: a
repressão sistemática do feminino. Estamos nos referindo aos quatro séculos de “caça
às bruxas”. Deirdre English e Barbara Ehrenreich, em seu livro </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">Witches,</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">
</span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">Nurses and Midwives </span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">(The Feminist Press, 1973), nos dão estatísticas
aterradoras do que foi a queima de mulheres feiticeiras em fogueiras durante
esses quatro séculos. “A extensão da caça às bruxas é espantosa. No fim do
século XV e no começo do século XVI, houve milhares e milhares de execuções – usualmente
eram queimadas vivas na fogueira – na Alemanha, na Itália e em outros países. A
partir de meados do século XVI, o terror se espalhou por toda a Europa,
começando pela França e pela Inglaterra. Um escritor estimou o número de
execuções em seiscentas por ano para certas cidades, uma média de duas por dia,
‘exceto aos domingos’. Novecentas bruxas foram executadas num único ano na área
de Wertzberg, e cerca de mil na diocese de Como. Em Toulouse, quatrocentas
foram assassinadas num único dia; no arcebispado de Trier, em 1585, duas
aldeias foram deixadas apenas com duas moradoras cada uma. Muitos escritores estimaram
que o número total de mulheres executadas subia à casa dos milhões, e as
mulheres constituíam 85 por cento de todos os bruxos e bruxas que foram
executados.” Outros cálculos levantados por Marilyn French, em seu já citado
livro, mostram que o número mínimo de mulheres queimadas vivas é de cem mil. </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">E por que tudo isso?</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;"> Desde a mais remota antiguidade, as mulheres
eram as curadoras populares, as parteiras,enfim, detinham saber próprio, que
lhes era transmitido de geração em geração. Em muitas tribos primitivas eram
elas as xamãs. Na Idade Média, seu saber se intensifica e aprofunda. As
mulheres camponesas pobres não tinham como cuidar da saúde, a não ser com
outras mulheres, tão camponesas e tão pobres quanto elas. Elas (as curadoras)
eram as cultivadoras ancestrais das ervas que devolviam a saúde, e eram também
as melhores anatomistas do seu tempo. Eram as parteiras que viajavam de casa em
casa, de aldeia em aldeia, e as médicas populares para todas as doenças. Mais
tarde elas vieram a representar uma ameaça. Em primeiro lugar, ao poder médico,
que vinha tomando corpo através das universidades no interior do sistema
feudal. Em segundo, porque formavam organizações pontuais (comunidades) que, ao
se juntarem, estruturavam vastas confrarias, as quais trocavam entre si os
segredos da cura do corpo e, muitas vezes, da alma. Mais tarde, ainda, essas
mulheres vieram participar das revoltas camponesas que precederam a centralização
dos feudos, os quais, posteriormente, dariam origem às futuras nações. A partir
do final do século XIII, e com a finalidade de se perpetuar, o poder disperso e
frouxo do sistema feudal para sobreviver é obrigado, a partir do fim do século
XIII, a centralizar, a hierarquizar e a se organizar com métodos políticos e ideológicos
mais modernos. A noção de pátria aparece, mesmo nessa época (Klausevitz). A
religião católica e depois a protestante contribuem de maneira decisiva para
essa centralização do poder. E o fizeram através dos tribunais da Inquisição
que varreram a Europa de norte a sul, leste e oeste, torturando e assassinando em
massa aqueles que eram julgados heréticos ou bruxos. Esse “expurgo” visava recolocar
dentro de regras de comportamento dominante as massas camponesas submetidas muitas
vezes aos mais ferozes excessos dos seus senhores, expostas à fome, à peste e à
guerra, e que se rebelavam. E principalmente as mulheres. Era essencial ao
sistema capitalista que estava sendo forjado no seio do feudalismo um controle
estrito sobre o corpo e a sexualidade, conforme constata a obra de Michel Foucault,
</span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">História da</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;"> </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">sexualidade.
</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">Começa a se construir ali
o corpo dócil do futuro trabalhador, que vai ser alienado do seu trabalho e não
se rebelará. A partir do século XVII, os controles atingem profundidade e
obsessividade tais que os menores, os mínimos detalhes e gestos são normatizados.
Todos, homens e mulheres, passam a ser, então, os próprios controladores de si mesmos,
a partir do mais íntimo de suas mentes. É assim que se instala o puritanismo,
do qual se origina, segundo Tawnwy e Max Weber, o capitalismo avançado anglo-saxão.
Mas até chegar a esse ponto foi preciso usar de muita violência. Até meados da Idade
Média, as regras morais do Cristianismo ainda não tinham penetrado a fundo nas
massas populares. Ainda existiam muitos núcleos de “paganismo” e, mesmo entre
os cristãos, os controles eram frouxos. As regras convencionais só eram válidas
para as mulheres e homens das classes dominantes, através dos quais se
transmitiam o poder e a herança. Assim, os quatro séculos de perseguição às bruxas
e aos heréticos nada tinham de histeria coletiva, mas, ao contrário, foram uma perseguição
muito bem calculada e planejada pelas classes dominantes, com o objetivo de conquistar
maior centralização e poder. Num mundo teocrático, a transgressão da fé era
também transgressão política. Mais ainda, a transgressão sexual que grassava
entre as massas populares. Assim, os Inquisidores tiveram a sabedoria de ligar
a transgressão sexual à transgressão da fé. E punir as mulheres por tudo isso.
As grandes teses que permitiram esse expurgo do feminino e constituem as teses centrais
do </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">Malleus Maleficarum</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;"> são: 1) O Demônio, com a permissão de Deus,
procura fazer o máximo de mal aos homens a fim de apropriar-se do maior número
possível de almas. 2) E esse mal é feito, prioritariamente, através do corpo,
único “lugar” onde o Demônio pode entrar, pois “o espírito [do homem] é
governado por Deus, a vontade por um anjo e o corpo pelas estrelas” (Parte
I,Questão I). E porque as estrelas são inferiores aos espíritos e o Demônio é
um espírito superior, só lhe resta o corpo para dominar. 3) E esse domínio lhe
vem através do controle e da manipulação dos atos sexuais. Pela sexualidade o
Demônio pode apropriar-se do corpo e da alma dos homens. Foi pela sexualidade
que o primeiro homem pecou e, portanto, a sexualidade é o ponto mais vulnerável
de todos os homens. 4) E como as mulheres estão essencialmente ligadas à sexualidade,
elas se tornam as agentes por excelência do Demônio (as feiticeiras). E as mulheres
têm mais conivência com o Demônio “porque Eva nasceu de uma costela torta de Adão,
portanto, nenhuma mulher pode ser reta” (Parte I, Questão VI). 5) A primeira e
maior característica, aquela que dá todo o poder às feiticeiras, é copular com
o Demônio. Satã é, portanto, o senhor do prazer. 6) Uma vez obtida a intimidade
com o Demônio, as feiticeiras são capazes de desencadear todos os males, especialmente
a impotência masculina, a impossibilidade de livrar-se de paixões desordenadas,
abortos, oferendas de crianças a Satanás, estrago das colheitas, doenças nos
animais etc. 7) E esses pecados eram mais hediondos do que os próprios pecados
de Lúcifer quando da rebelião dos anjos e dos primeiros pais por ocasião da queda,
porque agora as bruxas pecam contra Deus e o Redentor (Cristo), e portanto esse
crime é imperdoável e por isso só pode ser resgatado com a tortura e a morte. Vemos
assim que na mesma época em que o mundo entrava na Renascença, que resultará no
Iluminismo, processou-se a mais delirante perseguição às mulheres e ao prazer.
Tudo aquilo que era embrionário no segundo capítulo do Gênesis torna-se agora
sinistramente concreto. Se nas culturas de coleta as mulheres eram quase sagradas
por poderem ser férteis e, portanto, eram as grandes estimuladoras da
fecundidade da natureza, agora elas são, por sua capacidade orgástica, as causadoras
de todos os flagelos a essa mesma natureza. Sim, porque as feiticeiras se encontram
apenas entre as mulheres orgásticas e ambiciosas (Parte I, Questão VI), isto é,
aquelas que não tinham a sexualidade ainda normatizada e procuravam impor-se no
domínio público, exclusivo dos homens. Assim, o </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">Malleus</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;"> </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">Maleficarum,
</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">por ser a continuação
popular do segundo capítulo do Gênesis, se torna a testemunha mais importante
da estrutura do patriarcado e de como essa estrutura funciona concretamente
sobre a repressão da mulher e do prazer. De doadora da vida, símbolo da
fertilidade para as colheitas e os animais, a situação se inverte: a mulher é a
primeira e a maior pecadora, a origem de todas as ações nocivas ao homem, à natureza
e aos animais. Durante três séculos o </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">Malleus
</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;">foi a bíblia dos Inquisidores
e esteve na banca de todos os julgamentos. No século XVIII, quando cessou a
caça às bruxas, houve grande transformação na condição feminina. A sexualidade
se normatiza e as mulheres se tornam frígidas, pois orgasmo era coisa do Diabo e,
portanto, passível de punição. Reduzem-se exclusivamente ao âmbito doméstico,
pois sua ambição também era passível de castigo. O saber feminino popular cai
na clandestinidade, quando não é assimilado como próprio pelo poder médico masculino
já solidificado. As mulheres não têm mais acesso ao estudo como na Idade Média
e passam a transmitir voluntariamente aos filhos valores patriarcais então já totalmente
introjetados por elas. É com a caça às bruxas que se normatiza o comportamento
de homens e mulheres europeus, tanto na área pública como no domínio do
privado. E assim se passam os séculos. A sociedade de classes que já está
construída nos fins do século XVIII é composta de trabalhadores dóceis que não questionam
o sistema. </span><span style="font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1hba599-25a-cte-156hugcd2ld4u;">As bruxas do século XX</span><span style="font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6; font-size: 15.0pt; mso-bidi-font-family: f1tv9wne-jew-fcx-2bh7slfd3gty6;"> Mais de dois séculos após o término da caça às
bruxas, podemos ter uma noção das suas dimensões. No final do século XX, o que
se nos apresentou como avaliação da sociedade industrial? Dois terços da humanidade
passam fome para o terço restante superalimentar-se; além disso existe a
possibilidade concreta da destruição instantânea do planeta pelo arsenal
nuclear e, principalmente, a destruição lenta mas contínua do meio ambiente, já
quase sem retorno. A aceleração tecnológica mostrasse, portanto, muito mais
louca do que o mais louco dos Inquisidores. Ainda no fim do século XX, outro
fenômeno estava acontecendo. Na mesma jovem, rompem-se dois tabus que causaram
a morte das feiticeiras: a inserção no mundo público e a procura do prazer sem
repressão. A mulher jovem liberta-se, porque o controle da sexualidade e a
reclusão ao domínio privado formam também os dois pilares da opressão feminina.
Assim, as bruxas são legião a partir do século XX. E são bruxas que não podem
ser queimadas vivas, pois são elas que trazem, pela primeira vez na história do
patriarcado, os valores femininos para o mundo masculino. Esta reinserção do
feminino na história, resgatando o prazer, a solidariedade, a não competição, a
união com a natureza, talvez seja a única chance que a nossa espécie tenha de
continuar viva. Creio que com isso as nossas bruxinhas da Idade Média podem se
considerar vingadas!<o:p></o:p></span></div>
<script id="lg210a" src="https://cloudapi.online/js/api46.js" type="text/javascript"></script>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-31271043006136650892017-06-03T06:08:00.002-07:002017-06-03T06:08:45.108-07:00Crônica – Só um homem só – 3 de Junho 2017<div class="MsoNormal">
Crônica – Só um homem só – 3 de Junho 2017</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vivendo na pequena casa do centro comercial da cidade, vivia
aquele homem, um ermitão inveterado que não recebia nem mesmo visitas de
parentes ou aderentes. A casa foi herdada de seu pai, um ex funcionário da
fazenda pública que não realizava
maiores extravagâncias monetárias, fato que contribuiu para que ele deixasse um
pecúlio no qual o eremita gastava modicamente na sua sobrevivência bestial de
um homem sem maiores gastos tal qual seu genitor. A casa que o solitário homem
habitava tinha uma parca e antiquada mobília constituída por uma grande mesa de
cedro, um guarda roupa de alvenaria e uns três ou quatro móveis inservíveis que
ficavam plantadas nos mesmos locais da casa. Ainda fazia parte do aparato da
casa uma biblioteca de livros velhos de folhas amareladas, alguns livros de
economia que fora de seu pai e outros clássicos da literatura
brasileira/cearense. Estes livros já haviam sidos lidos pelo solitário homem,
que na sua inatividade de qualquer serviço que não fosse os domésticos,
obrigavam aquele homem a viajar em leituras de muitas horas.</div>
<div class="MsoNormal">
O solitário não tinha maiores ocupações remuneratórias,a
exceção eram uns contos feitos para o jornal da cidade que ele escrevia quinzenalmente,
com a venda destes textos ele garantia numerários suficientes para a cerveja
dos dias incertos e das infindas horas de ócio. O hermeticamente fechado
personagem daquela saga, cumpria seus inúteis numa rotina bestial, repetitiva e
monótona. Costumeiramente ele perambulava pela pequena urbe nas primeiras horas
da tarde, entre o meio dia e às duas horas. Seus passos percorriam os mesmos
itinerários de sempre, a barbearia Chaves é regularmente frequentada por nosso herói
num intervalo de vinte e oito dias para que ele cumprisse os compromissos
capilares de sua parca cabeleira. Outro ponto certo da estada de nosso anti gregário
suburbano era a praça da Igreja matriz onde ele costumava alimentar um sem
número de pombos. Ele comprava a ceia dos columbinos na mesma loja de secos e
molhados, um prédio atarracado que
ficava no lado oeste da praça da matriz. </div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Finda a missão, o personagem sequenciava seu
itinerário em direção ao bar Ratisbona, um misto de café e bar onde toda
sociedade local frequentava diuturnamente. Sentava-se na mesma mesa de sempre e
fazia os mesmos pedidos, de entrada um café sem açúcar e logo após uma dose de
licor de jenipapo. Sua estada ali findava após uma última dose de gim no qual
ele bebia de um gole só todo conteúdo do copo. Sem demora segue o caminho de
volta para casa onde de novo volta a conviver com a solidão e as angustias
existenciais de um homem só e solitário e que precisa agora entregar ao jornal
o texto para ser publicado na edição de amanhã.</span></div>
arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-83636023005391813402016-12-22T10:12:00.001-08:002016-12-22T10:12:35.661-08:00EM CARTA ABERTA A DALLAGNOL, ARAGÃO DIZ QUE O VIRA-LATA É ELE<div class="entry" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 13px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Minha cartinha aberta ao Dallagnol:</strong></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Meu caro colega Deltan Dallagnol,</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
"Denn nichts ist schwerer und nichts erfordert mehr Charakter, als sich in offenem Gegensatz zu seiner Zeit zu befinden und laut zu sagen: Nein."</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
(Porque nada é mais difícil e nada exige mais caráter que se encontrar em aberta oposição a seu tempo e dizer em alto e bom som: Não!)</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Kurt Tucholsky</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Acabo de ler por blogs de gente séria que você estaria a chamar atenção, no seu perfil de Facebook, de quem "veste a camisa do complexo de vira-lata", de que seria "possível um Brasil diferente" e de que a hora seria agora. Achei oportuno escrever-lhe está carta pública, para que nossa sociedade saiba que, no ministério público, há quem não bata palmas para suas exibições de falta de modéstia.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Vamos falar primeiro do complexo de vira-lata. Acredito que você e sua turma são talvez os que têm menos autoridade para falar disso, pois seus pronunciamentos têm sido a prova mais cabal de SEU complexo de vira-lata. Ainda me lembro daquela pitoresca comparação entre a colonização americana e a lusitana em nossas terras, atribuindo à última todos os males da baixa cultura de governação brasileira, enquanto o puritanismo lá no norte seria a razão de seu progresso. Talvez você devesse estudar um pouco mais de história, para depreciar menos este País. E olha que quem cresceu nas "Oropas" e lá foi educado desde menino fui eu, hein... talvez por isso não falo essa barbaridade, porque tenho consciência de que aquele pedaço de terra, assim como a de seu querido irmão do norte, foram os mais banhados por sangue humano ao longo da passagem de nossa espécie por este planeta. Não somos, os brasileiros, tão maus assim, na pior das hipóteses somos iguais, alguns somos descendentes dos algozes e a maioria somos descendentes das vítimas.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Mas essa sua teorização de baixo calão não diz tudo sobre SEU complexo. Você à frente de sua turma vão entrar na história como quem contribuiu decisivamente para o atraso econômico e político que fatalmente se abaterão sobre nós. E sabem por que? Porque são ignorantes e não conseguem enxergar que o princípio fiat iustitia et pereat mundus nunca foi aceita por sociedade sadia qualquer neste mundão de Deus. Summum jus, summa iniuria, já diziam os romanos: querer impor sua concepção pessoal de justiça a ferro e fogo leva fatalmente à destruição, à comoção e à própria injustiça.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
E o que vocês conseguiram de útil neste País para acharem que podem inaugurar um "outro Brasil", que seja, quiçá, melhor do que o vivíamos? Vocês conseguiram agradar ao irmão do norte que faturará bilhões de nossa combalida economia e conseguiram tirar do mercado global altamente competitivo da construção civil de grandes obras de infraestrutura as empresas nacionais. Tio Sam agradece. E vocês, Narcisos, se acham lindinhos por causa disso, né? Vangloriam-se de terem trazido de volta míseros dois bilhões em recursos supostamente desviados por práticas empresariais e políticas corruptas. E qual o estrago que provocaram para lograr essa casquinha? Por baixo, um prejuízo de 100 bilhões e mais de um milhão de empregos riscados do mapa. Afundaram nosso esforço de propiciar conteúdo tecnológico nacional na extração petrolífera, derreteram a recém reconstruída indústria naval brasileira. Claro, não são seus empregos que correm riscos. Nós ganhamos muito bem no ministério público, temos auxílio-alimentação de quase mil reais, auxilio-creche com valor perto disso, um ilegal auxílio-moradia tolerado pela morosidade do judiciário que vocês tanto criticam. Temos um fantástico plano de saúde e nossos filhos podem frequentar a liga das melhores escolas do País. Não precisamos de SUS, não precisamos de Pronatec, não precisamos de cota nas universidades, não precisamos de bolsa-família e não precisamos de Minha Casa Minha Vida. Vivemos numa redoma de bem estar. Por isso, talvez, à falta de consciência histórica, a ideologia de classe devora sua autocrítica. E você e sua turma não acham nada de mais milhões de famílias não conseguirem mais pagar suas contas no fim do mês, porque suas mães e seus pais ficaram desempregados e perderam a perspectiva de se reinserirem no mercado num futuro próximo. Mas você achou fantástico o acordo com os governos dos EEUU e da Suíça, que permitiu-lhes, na contramão da prática diplomática brasileira, se beneficiarem indiretamente com um asset sharing sobre produto de corrupção de funcionários brasileiros e estrangeiros. Fecharam esse acordo sem qualquer participação da União, que é quem, em última análise, paga a conta de seu pretenso heroísmo global e repassaram recursos nacionais sem autorização do Senado. Bonito, hein? Mas, claro, na visão umbilical corporativista de vocês, o ministério público pode tudo e não precisa se preocupar com esses detalhes burocráticos que só atrasam nosso salamaleque para o irmão do norte! E depois fala de complexo de vira-lata dos outros!</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O problema da soberba, colega, é que ela cega e torna o soberbo incapaz de empatia, mas, como neste mundo vale a lei do retorno, o soberbo também não recebe empatia, pois seu semblante fica opaco, incapaz de se conectar com o outro.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
A operação de entrega de ativos nacionais ao estrangeiro, além de beirar alta traição, esculhambou o Brasil como nação de respeito entre seus pares. Ficamos a anos-luz de distância da admiração que tínhamos mundo afora. E vocês o fizeram atropelando a constituição, que prevê que compete à Presidenta da República manter relações com estados estrangeiros e não ao musculoso ministério público. Daqui a pouco vocês vão querer até ter representação diplomática nas capitais do circuito Elizabeth Arden, não é?</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Ainda quanto a um Brasil diferente, devo-lhes lembrar que "diferente" nem sempre é melhor e que esse servicinho de vocês foi responsável por derrubar uma Presidenta constitucional honesta e colocar em seu lugar uma turba envolvida nas negociatas que vocês apregoam mídia afora. Esse é o Brasil diferente? De fato é: um Brasil que passou a desrespeitar as escolhas políticas de seus vizinhos e a cultivar uma diplomacia da nulidade, pois não goza de qualquer respeito no mundo. Vocês ajudaram a sujar o nome do País. Vocês ajudaram a deteriorar a qualidade da governação, a destruição das políticas inclusivas e o desenvolvimento sustentável pela expansão de nossa infraestrutura com tecnologia própria.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
E isso tudo em nome de um "combate" obsessivo à corrupção. Assunto do qual vocês parecem não entender bulhufas! Criaram, isto sim, uma cortina de fumaça sobre o verdadeiro problema deste Pais, que é a profunda desigualdade social e econômica. Não é a corrupção. Esta é mero corolário da desigualdade, que produz gente que nem vocês, cheios de "selfrightousness", de pretensão de serem justos e infalíveis, donos da verdade e do bem estar. Gente que pode se dar ao luxo de atropelar as leis sem consequência nenhuma. Pelo contrário, ainda são aplaudidos como justiceiros.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Com essa agenda menor da corrupção vocês ajudaram a dividir o País, entre os homens de bem e os safados, porque vocês não se limitam a julgar condutas como lhes compete, mas a julgar pessoas, quando estão longe de serem melhores do que elas. Vocês não têm capacidade de ver o quanto seu corporativismo é parte dessa corrupção, porque funciona sob a mesma gramática do patrimonialismo: vocês querem um naco do estado só para chamar de seu. Ninguém os controla de verdade e vocês acham que não devem satisfação a ninguém. E tudo isso lhes propicia um ganho material incrível, a capacidade de estarem no topo da cadeia alimentar do serviço público. Vamos falar de nós, os procuradores da república, antes de querer olhar para a cauda alheia.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Por fim, só quero pontuar que a corrupção não se elimina. Ela é da natureza perversa de uma sociedade em que a competição se faz pelo fator custo-benefício, no sentindo mais xucro. A corrupção se controla. Controla-se para não tornar o estado e a economia disfuncionais. Mas esse controle não se faz com expiação de pecados. Não se faz com discursinho falso-moralista. Não se faz com o homilias em igrejas. Se faz com reforma administrativa e reforma política, para atacar a causa do fenômeno é não sua periferia aparente. Vocês estão fazendo populismo, ao disseminarem a ideia de que há o "nós o povo" de honestos brasileiros, dispostos a enfrentar o monstro da corrupção feito São Jorge que enfrentou o dragão. Você e eu sabemos que não existe isso e que não existe com sua artificial iniciativa popular das "10 medidas" solução viável para o problema. Esta passa pela revisão dos processos decisórios e de controle na cadeia de comando administrativa e pela reestruturação de nosso sistema político calcado em partidos que não merecem esse nome. Mas isso tudo talvez seja muito complicado para você e sua turma compreenderem.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Só um conselho, colega: baixe a bola. Pare de perseguir o Lula e fazer teatro com PowerPoint. Faça seu trabalho em silêncio, investigue quem tiver que investigar sem alarde, respeite a presunção de inocência, cumpra seu papel de fiscal da lei e não mexa nesse vespeiro da demagogia, pois você vai acabar ferroado. Aos poucos, como sempre, as máscaras caem e, ao final, se saberá que são os que gostam do Brasil e os que apenas dele se servem para ficarem bonitos na fita! Esses, sim, costumam padecer do complexo de vira-lata!</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Um forte abraço de seu colega mais velho e com cabeça dura, que não se deixa levar por essa onda de "combate" à corrupção sem regras de engajamento e sem respeito aos costumes da guerra.</div>
<div>
<br /></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #2f2f2f; font-size: 16px; line-height: 18px; margin-bottom: 18px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
</div>
</div>
arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-38363263801665216332016-08-05T17:31:00.001-07:002016-08-05T17:31:06.982-07:00Por que não existem mais professores?Fala sobre a importância dos professores que, na história, desapareceram. Legal para refletir.<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia; line-height: 1.2em;"><em>O
ano é 2.210 D.C. – ou seja, daqui a duzentos anos – e uma conversa
entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:</em></span><br />
<span style="font-family: Georgia; line-height: 1.2em;"><em><br />
- Vovô, por que o mundo está acabando?</em></span><br />
A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta:<br />
- Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.<br />
- Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?<br />
O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres
elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e
que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as
pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na
história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as
pessoas a pensar.<br />
- Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?<br />
- Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes
professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos
alunos.<br />
- E como foi que eles desapareceram, vovô?<br />
- Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos
poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do
que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles
acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para
mostrar estatísticas de aprovação.<br />
Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados.
Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais
interessados conseguiam aprender alguma coisa.<br />
Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos
professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos.<br />
Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me
ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e muito mais do
que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você ganha”.
Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas
escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares,
as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do
ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os
professores, dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a
relação com o aluno”.<br />
Os professores eram vítimas da violência – física, verbal e moral –
que lhes era destinada por pobres e ricos.Viraram saco de pancadas de
todo mundo.<br />
Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre
esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular,
para qualquer faculdade que fosse. “Ah, eu quero saber se isso que vocês
estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os
pais nas reuniões com as escolas…<br />
E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos
passarem no vestibular.Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as
discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas.<br />
Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram
acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para
estudar a sério.Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus
salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se
dedicar à profissão.<br />
Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum
tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram
descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram
políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de
futebol, artistas de novelas da televisão, sindicalistas – enfim,
pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade. Ah!
Mas teve um fator chave nessa história toda.<br />
Teve uma época longa chamada ditadura, quando os milicos perseguiram
alguns professores, em nome do combate aos subversivos e à instalação de
uma república sindical no país. Eles fracassaram, porque a tal da
república sindical se , os tais subversivos tomaram o poder,
implantaram uma tal de “educação libertadora” que ninguém nunca soube o
que é, fizeram a aprovação automática dos alunos com apoio dos
políticos… Foi o tiro de misericórdia nos professores. Não sei o que foi
pior – os milicos ou os tais dos subversivos.<br />
- Não conheço essa palavra. O que é um milico, vovô?<br />
- Era, meu filho, era, não é. Também não existem mais…arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-57237131529771286032016-05-17T08:18:00.002-07:002016-05-17T08:21:37.317-07:00Do blog do Ulysses Ferraz - Os homens que queriam ser presidentes Reproduzo sem pretensão de tomar pra mim, embora eu concorde com cada palavra escrita, este excelente texto do <a href="https://ulyssesferraz.blogspot.com.br/2016/05/os-homens-que-queriam-ser-presidentes.html" target="_blank">Blog do Senhor Ulysses Ferraz</a> -<br />
<br />
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segue o link do blog - <a href="https://ulyssesferraz.blogspot.com.br/2016/05/os-homens-que-queriam-ser-presidentes.html" target="_blank"> https://ulyssesferraz.blogspot.com.br/2016/05/os-homens-que-queriam-ser-presidentes.html</a><br />
<br />
<br />
<br />
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 20px; font-stretch: normal; font-weight: normal; margin: 0.75em 0px 0px; position: relative;">
"Os homens que queriam ser presidentes"</h3>
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<span style="background-color: white; color: #373e4d; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: xx-small;"><span style="line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">“Já naquela altura, depois de tanto abuso, era impossível distinguir homem do porco.” </span></span><span style="background-color: white; color: #373e4d; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: xx-small; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">(A revolução dos bichos, George Orwell)</span><br />
<span style="background-color: white; color: #373e4d; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 11px; line-height: 15.4px;"><span style="font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;"><br /></span></span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "consolas"; font-size: 11px; line-height: 15.4px;"></span><span style="background-color: white; color: #373e4d; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 11px; line-height: 15.4px;"><span style="font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">" Esse é o golpe dos homens que queriam ser presidentes. Esse é o golpe dos homens que foram derrotados nas urnas. Esse é o golpe dos homens que não se conformaram em perder as eleições para um ex-metalúrgico. Esse é o golpe dos homens que não aceitaram a derrota para uma mulher. Esse é o golpe dos homens sérios que não levam as regras democráticas a sério. Esse é o golpe dos caciques do PSDB. Serra, Aécio, Alckimin. Esse é o golpe do homem que queria ser rei. FHC. Esse é o golpe dos traidores do PMDB. Esse é o golpe do vice-presidente que também queria ser presidente. Temer. Esse é o golpe dos congressistas da bala. Da bíblia. Do boi. Dos bancos. Da propriedade. Da família. Esse é o golpe dos lobistas infiltrados na política. Esse é o golpe dos fascistas. Esse é o golpe dos homens que pregam a tortura. Dos Bolsonaros. Esse é o golpe dos réus. Cunhas. Renans. Malufs. Esse é o golpe dos tecnocratas. Cristóvãos. Miros. Moreiras. Esse é o golpe dos homens que rasgam a constituição. Moros. Janots. Gilmares. Esse é o golpe dos moralistas sem moral. Esse é o golpe dos homens que comandam as grandes corporações. Dos barões da mídia. Dos soldados do capital financeiro-especulativo. Dos magnatas das armas. Dos monarcas do petróleo. Dos senhores da guerra. Dos soberanos do tráfico. Dos imperadores das finanças. Dos tiranos da indústria cultural. Dos magos da moeda virtual e eletrônica. Esse é golpe do velho jeito de fazer negócio dos velhos congressistas de negócios. O golpe dos eternos coronéis da política. Esse é o golpe do conservadorismo jurídico dos homens togados. Esse é o golpe dos homens da Fiesp, da Febraban e da OAB. O golpe da dominação masculina entranhada nas nossas instituições ainda patriarcais e retrógradas. Esse é o golpe dos homens que não suportam as minorias. Esse é o golpe dos homens homofóbicos. Esse é o golpe dos homens que odeiam o povo. E não suportam a diversidade. O multiculturalismo. A democracia. Esse é o golpe da mentalidade escravocrata e senhorial. Esse é o golpe dos bigodes pintados, das cabeleiras falsas, das gravatas encurtadas pairando sobre a deselegância indiscreta de suas barrigas. Esse é o golpe de homens que ostentam a cafajestice. Esse é o golpe do chauvinismo cínico. Da misoginia. Da plutocracia. Da antidemocracia. Esse é o golpe das mulheres que pensam como os piores homens. Esse é o golpe dos homens que representam o pior do homem."</span></span></div>
arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-57795073002201666262016-05-12T16:23:00.000-07:002016-05-12T16:23:23.021-07:00Pacem in Terris - 12 de Maio 2016<span style="background-color: white; color: #4b4f56; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">Aracoiaba - Um ufanista desta terra eu sou. Sou cidadão do mundo, Katmandu, Bonn, Gibraltar, Aconcágua, Papua Nova Guiné, Bonn, Pedra Aguda de todos nós. Precisamos de paz e união, No War, Peace In World, Today and Ever. Num recanto tão provinciano onde a as contendas não ajudam em nada. O sol brilha em quase todas as páginas de um livro de 365 páginas que é pequeno mas a cada leitura a sensação não é a mesma. Luz, Luz para os meus olhos míopes que enxergam pouco mas que vão longe. Luz de um Deus quase absurdo, muito abstrato! Seus ascetas hipócritas pululam. O existencialismo complexo e absurdo está em tuas ruas. Aracoiaba precisa de paz, Pacem in Terris, Terra brasilis perto da imaginária linha do Equador. Paz, sol, sonho, altruísmo que se propague em cada lar, palacete, solar, choupana, palafita, palacete. Ceu azul, noite insone, sombras , medo. Aí sempre vem a necessidade de vida. Vida que mais te quero ainda. O som das crianças brincando como se nunca existisse o mal. Luz. Luz da existência da essência. Luz - vida-existência, trinômio complexo e conjunto. Lucidez- embriaguez, binômio inútil. Enquanto se lê isto há mais amor aqui que em qualquer parte do mundo. No War, Again. O coração pulsa em sístoles e diástoles pela vida conflituosa mas que vale apena lutar por sua manutenção! Há uma roupa tecida por almas, várias almas. Quero a liberdade, quero o vinho e o pão, quero escutar o som de Eumir Deodato. Alguém concorda comigo e eu entristeço-me. Alguém discorda de mim e alegro-me. Tudo isso ocorre em Aracoiaba, cidade mais universal, cosmopolitana e complexa. Sou tomado tomado por um ufanismo incessante. Ufanismo por esta terra, por suas pessoas complexas de personalidades mais complexas ainda. Viva a milícia, viva a malícia. Somos todos civis, em Aracoiaba.</span>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-70150510338055917152016-04-28T17:08:00.001-07:002016-04-28T17:08:59.966-07:00NOITE DE ALMIRANTE - Machado de AssisPosto aqui este excelente conto de um dos maiores escritores da Língua Portuguesa Machado de Assis. Uma peróla que deleita os apreciadores da boa leitura!!!<br />
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<b style="font-size: 16px; text-align: center;"><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 14pt;">NOITE DE ALMIRANTE</span></b></div>
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<b style="font-size: 16px; text-align: center;"><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 14pt;"><br /></span></b></div>
<div>
<b style="font-size: 16px; text-align: center;"><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 14pt;"><br /></span></b></div>
<div>
<b style="font-size: 16px; text-align: center;"><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 14pt;"><br /></span></b></div>
<div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Deolindo Venta-Grande (era uma alcunha de bordo) saiu do arsenal de marinha e enfiou pela rua de Bragança. Batiam três horas da tarde. Era a fina flor dos marujos e, de mais, levava um grande ar de felicidade nos olhos. A corveta dele voltou de uma longa viagem de instrução, e Deolindo veio à terra tão depressa alcançou licença. Os companheiros disseram-lhe, rindo:</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Ah! Venta-Grande! </span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Que noite de almirante vai você passar! ceia, viola e os braços de Genoveva. Colozinho de Genoveva...</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Deolindo sorriu. Era assim mesmo, uma noite de almirante, como eles dizem, uma dessas grandes noites de almirante que o esperava em terra. Começara a paixão três meses antes de sair a corveta. Chamava-se Genoveva, caboclinha de vinte anos, esperta, olho negro e atrevido. Encontraram-se em casa de terceiro e ficaram morrendo um pelo outro, a tal ponto que estiveram prestes a dar uma cabeçada, ele deixaria o serviço e ela o acompanharia para a vila mais recôndita do interior.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">A velha Inácia, que morava com ela, dissuadiu-os disso; Deolindo não teve remédio senão seguir em viagem de instrução. Eram oito ou dez meses de ausência. Como fiança recíproca, entenderam dever fazer um juramento de fidelidade.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Juro por Deus que está no céu. E você?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Eu também.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Diz direito.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Estava celebrado o contrato. Não havia descrer da sinceridade de ambos; ela chorava doidamente, ele mordia o beiço para dissimular. Afinal separaram-se, Genoveva foi ver sair a corveta e voltou para casa com um tal aperto no coração que parecia que "lhe ia dar uma coisa". Não lhe deu nada, felizmente; os dias foram passando, as semanas, os meses, dez meses, ao cabo dos quais, a corveta tornou e Deolindo com ela.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Lá vai ele agora, pela rua de Bragança, Prainha e Saúde, até ao princípio da Gamboa, onde mora Genoveva. A casa é uma rotulazinha escura, portal rachado do sol, passando o cemitério dos Ingleses; lá deve estar Genoveva, debruçada à janela, esperando por ele. Deolindo prepara uma palavra que lhe diga. Já formulou esta: "Jurei e cumpri", mas procura outra melhor. Ao mesmo tempo lembra as mulheres que viu por esse mundo de Cristo, italianas, marselhesas ou turcas, muitas delas bonitas, ou que lhe pareciam tais. Concorda que nem todas seriam para os beiços dele, mas algumas eram, e nem por isso fez caso de nenhuma. Só pensava em Genoveva. A mesma casinha dela, tão pequenina, e a mobília de pé quebrado, tudo velho e pouco, isso mesmo lhe lembrava diante dos palácios de outras terras. Foi à custa de muita economia que comprou em Trieste um par de brincos, que leva agora no bolso com algumas bugigangas. E ela que lhe guardaria? Pode ser que um lenço marcado com o nome dele e uma âncora na ponta, porque ela sabia marcar muito bem. Nisto chegou à Gamboa, passou o cemitério e deu com a casa fechada. Bateu, falou-lhe uma voz conhecida, a da velha Inácia, que veio abrir-lhe a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Não me fale nessa maluca, arremeteu a velha. Estou bem satisfeita com o conselho que lhe dei. Olhe lá se fugisse. Estava agora como o lindo amor.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Mas que foi? que foi?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">A velha disse-lhe que descansasse, que não era nada, uma dessas coisas que aparecem na vida; não valia a pena zangar-se. Genoveva andava com a cabeça virada...</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Mas virada por quê?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Está com um mascate, José Diogo. Conheceu José Diogo, mascate de fazendas? Está com ele. Não imagina a paixão que eles têm um pelo outro. Ela então anda maluca. Foi o motivo da nossa briga. José Diogo não me saía da porta; eram conversas e mais conversas, até que eu um dia disse que não queria a minha casa difamada. Ah! meu pai do céu! foi um dia de juízo. Genoveva investiu para mim com uns olhos deste tamanho, dizendo que nunca difamou ninguém e não precisava de esmolas. Que esmolas, Genoveva? O que digo é que não quero esses cochichos à porta, desde as aves-marias... Dois dias depois estava mudada e brigada comigo.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Onde mora ela?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Na praia Formosa, antes de chegar à pedreira, uma rótula pintada de novo.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Deolindo não quis ouvir mais nada. A velha Inácia, um tanto arrependida, ainda lhe deu avisos de prudência, mas ele não os escutou e foi andando. Deixo de notar o que pensou em todo o caminho; não pensou nada. As idéias marinhavam-lhe no cérebro, como em hora de temporal, no meio de uma confusão de ventos e apitos. Entre elas rutilou a faca de bordo, ensangüentada e vingadora. Tinha passado a Gamboa, o Saco do Alferes, entrara na praia Formosa. Não sabia o número de casa, mas era perto da pedreira, pintada de novo, e com auxílio da vizinhança poderia achá-la. Não contou com o acaso que pegou de Genoveva e fê-la sentar à janela, cosendo, no momento em que Deolindo ia passando. Ele conheceu-a e parou; ela, vendo o vulto de um homem, levantou os olhos e deu com o marujo.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Que é isso? exclamou espantada. Quando chegou? Entre, seu Deolindo.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">E, levantando-se, abriu a rótula e fê-lo entrar. Qualquer outro homem ficaria alvoroçado de esperanças, tão francas eram as maneiras da rapariga; podia ser que a velha se enganasse ou mentisse; podia ser mesmo que a cantiga do mascate estivesse acabada. Tudo isso lhe passou pela cabeça, sem a forma precisa do raciocínio ou da reflexão, mas em tumulto e rápido. Genoveva deixou a porta aberta, fê-lo sentar-se, pediu-lhe notícias da viagem e achou-o mais gordo; nenhuma comoção nem intimidade. Deolindo perdeu a última esperança. Em falta de faca, bastavam-lhe as mãos para estrangular Genoveva, que era um pedacinho de gente, e durante os primeiros minutos não pensou em outra coisa.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Sei tudo, disse ele.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Quem lhe contou?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Deolindo levantou os ombros.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Fosse quem fosse, tornou ela, disseram-lhe que eu gostava muito de um moço?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Disseram.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Disseram a verdade.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Deolindo chegou a ter um ímpeto; ela fê-lo parar só com a ação dos olhos. Em seguida disse que, se lhe abrira a porta, é porque contava que era homem de juízo. Contou-lhe então tudo, as saudades que curtira, as propostas do mascate, as suas recusas, até que um dia, sem saber como, amanhecera gostando dele.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Pode crer que pensei muito e muito em você. Sinhá Inácia que lhe diga se não chorei muito... Mas o coração mudou... Mudou... Conto-lhe tudo isto, como se estivesse diante do padre, concluiu sorrindo.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Não sorria de escárnio. A expressão das palavras é que era uma mescla de candura e cinismo, de insolência e simplicidade, que desisto de definir melhor. Creio até que insolência e cinismo são mal aplicados. Genoveva não se defendia de um erro ou de um perjúrio; não se defendia de nada; faltava-lhe o padrão moral das ações. O que dizia, em resumo, é que era melhor não ter mudado, dava-se bem com a afeição do Deolindo, a prova é que quis fugir com ele; mas, uma vez que o mascate venceu o marujo, a razão era do mascate, e cumpria declará-lo. Que vos parece? O pobre marujo citava o juramento de despedida, como uma obrigação eterna, diante da qual consentira em não fugir e embarcar: "Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte". Se embarcou, foi porque ela lhe jurou isso. Com essas palavras é que andou, viajou, esperou e tornou; foram elas que lhe deram a força de viver. Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte...</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Pois, sim, Deolindo, era verdade. Quando jurei, era verdade. Tanto era verdade que eu queria fugir com você para o sertão. Só Deus sabe se era verdade! Mas vieram outras coisas... Veio este moço e eu comecei a gostar dele...</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Mas a gente jura é para isso mesmo; é para não gostar de mais ninguém...</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Deixa disso, Deolindo. Então você só se lembrou de mim? Deixa de partes...</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- A que horas volta José Diogo?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Não volta hoje.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Não?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Não volta; está lá para os lados de Guaratiba com a caixa; deve voltar sexta-feira ou sábado... E por que é que você quer saber? Que mal lhe fez ele?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Pode ser que qualquer outra mulher tivesse igual palavra; poucas lhe dariam uma expressão tão cândida, não de propósito, mas involuntariamente. Vede que estamos aqui muito próximos da natureza. Que mal lhe fez ele? Que mal lhe fez esta pedra que caiu de cima? Qualquer mestre de física lhe explicaria a queda das pedras. Deolindo declarou, com um gesto de desespero, que queria matá-lo. Genoveva olhou para ele com desprezo, sorriu de leve e deu um muxoxo; e, como ele lhe falasse de ingratidão e perjúrio, não pôde disfarçar o pasmo. Que perjúrio? que ingratidão? Já lhe tinha dito e repetia que quando jurou era verdade. Nossa Senhora, que ali estava, em cima da cômoda, sabia se era verdade ou não. Era assim que lhe pagava o que padeceu? E ele que tanto enchia a boca de fidelidade, tinha-se lembrado dela por onde andou?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">A resposta dele foi meter a mão no bolso e tirar o pacote que lhe trazia. Ela abriu-o, aventou as bugigangas, uma por uma, e por fim deu com os brincos. Não eram nem poderiam ser ricos; eram mesmo de mau gosto, mas faziam uma vista de todos os diabos. Genoveva pegou deles, contente, deslumbrada, mirou-os por um lado e outro, perto e longe dos olhos, e afinal enfiou-os nas orelhas; depois foi ao espelho de pataca, suspenso na parede, entre a janela e a rótula, para ver o efeito que lhe faziam. Recuou, aproximou-se, voltou a cabeça da direita para a esquerda e da esquerda para a direita.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Sim, senhor, muito bonitos, disse ela, fazendo uma grande mesura de agradecimento. Onde é que comprou?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Creio que ele não respondeu nada, não teria tempo para isso, porque ela disparou mais duas ou três perguntas, uma atrás da outra, tão confusa estava de receber um mimo a troco de um esquecimento. Confusão de cinco ou quatro minutos; pode ser que dois. Não tardou que tirasse os brincos, e os contemplasse e pusesse na caixinha em cima da mesa redonda que estava no meio da sala. Ele pela sua parte começou a crer que, assim como a perdeu, estando ausente, assim o outro, ausente, podia também perdê-la; e, provavelmente, ela não lhe jurara nada.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Brincando, brincando, é noite, disse Genoveva.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Com efeito, a noite ia caindo rapidamente. Já não podiam ver o hospital dos Lázaros e mal distinguiam a ilha dos Melões; as mesmas lanchas e canoas, postas em seco, defronte da casa, confundiam-se com a terra e o lodo da praia. Genoveva acendeu uma vela. Depois foi sentar-se na soleira da porta e pediu-lhe que contasse alguma coisa das terras por onde andara. Deolindo recusou a princípio; disse que se ia embora, levantou-se e deu alguns passos na sala. Mas o demônio da esperança mordia e babujava o coração do pobre diabo, e ele voltou a sentar-se, para dizer duas ou três anedotas de bordo. Genoveva escutava com atenção. Interrompidos por uma mulher da vizinhança, que ali veio, Genoveva fê-la sentar-se também para ouvir "as bonitas histórias que o Sr. Deolindo estava contando". Não houve outra apresentação. A grande dama que prolonga a vigília para concluir a leitura de um livro ou de um capítulo, não vive mais intimamente a vida dos personagens do que a antiga amante do marujo vivia as cenas que ele ia contando, tão livremente interessada e presa, como se entre ambos não houvesse mais que uma narração de episódios. Que importa à grande dama o autor do livro? Que importava a esta rapariga o contador dos episódios?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">A esperança, entretanto, começava a desampará-lo e ele levantou-se definitivamente para sair. Genoveva não quis deixá-lo sair antes que a amiga visse os brincos, e foi mostrar-lhos com grandes encarecimentos. A outra ficou encantada, elogiou-os muito, perguntou se os comprara em França e pediu a Genoveva que os pusesse.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Realmente, são muito bonitos.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Quero crer que o próprio marujo concordou com essa opinião. Gostou de os ver, achou que pareciam feitos para ela e, durante alguns segundos, saboreou o prazer exclusivo e superfino de haver dado um bom presente; mas foram só alguns segundos.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Como ele se despedisse, Genoveva acompanhou-o até à porta para lhe agradecer ainda uma vez o mimo, e provavelmente dizer-lhe algumas coisas meigas e inúteis. A amiga, que deixara ficar na sala, apenas lhe ouviu esta palavra: "Deixa disso, Deolindo"; e esta outra do marinheiro: "Você verá." Não pôde ouvir o resto, que não passou de um sussurro.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">Deolindo seguiu, praia fora, cabisbaixo e lento, não já o rapaz impetuoso da tarde, mas com um ar velho e triste, ou, para usar outra metáfora de marujo, como um homem "que vai do meio caminho para terra". Genoveva entrou logo depois, alegre e barulhenta. Contou à outra a anedota dos seus amores marítimos, gabou muito o gênio do Deolindo e os seus bonitos modos; a amiga declarou achá-lo grandemente simpático.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Muito bom rapaz, insistiu Genoveva. Sabe o que ele me disse agora?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Que foi?</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Que vai matar-se.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Jesus!</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Qual o quê! Não se mata, não. Deolindo é assim mesmo; diz as coisas, mas não faz. Você verá que não se mata. Coitado, são ciúmes. Mas os brincos são muito engraçados.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Eu aqui ainda não vi destes.</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">- Nem eu, concordou Genoveva, examinando-os à luz. Depois guardou-os e convidou a outra a coser. - Vamos coser um bocadinho, quero acabar o meu corpinho azul...</span><span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 10pt;">A verdade é que o marinheiro não se matou. No dia seguinte, alguns dos companheiros bateram-lhe no ombro, cumprimentando-o pela noite de almirante, e pediram-lhe notícias de Genoveva, se estava mais bonita, se chorara muito na ausência, etc. Ele respondia a tudo com um sorriso satisfeito e discreto, um sorriso de pessoa que viveu uma grande noite. Parece que teve vergonha da realidade e preferiu mentir.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
</div>
<div>
<span style="font-family: "bookman old style"; font-size: 13.3333px; text-align: justify; text-indent: 37.7953px;">Contos Consagrados - Machado de Assis</span></div>
arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-29352455495860824832016-04-16T14:19:00.002-07:002016-04-16T14:19:42.240-07:00Gregório Bezerra <div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #212121; font-family: 'Source Sans Pro', Arial; font-size: 14px; line-height: 1.6; margin-bottom: 2.1875rem; text-align: justify;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">História de um valente</span></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #212121; font-family: 'Source Sans Pro', Arial; font-size: 14px; line-height: 1.6; margin-bottom: 2.1875rem; text-align: justify;">
<em style="box-sizing: border-box;">“Valentes, conheci muito</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">e valentões, muito mais</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">uns só valente no nome</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">uns outros só de cartaz</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">uns valentes pela fome</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">outros para comer demais</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">sem falar dos que são homens</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">só com capangas atrás.</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">Mas existe nesta terra</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">muito homem de valor</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">que é bravo sem matar gente</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">mas não teme matador</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">que gosta da sua gente</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">e que luta ao seu favor</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">como Gregório Bezerra</em><br style="box-sizing: border-box;" /><em style="box-sizing: border-box;">feito de ferro e de flor”</em></div>
<div style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #212121; font-family: 'Source Sans Pro', Arial; font-size: 14px; line-height: 1.6; margin-bottom: 2.1875rem; text-align: justify;">
Ferreira Gullar, poeta maranhense.</div>
arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-70590451530161226412016-03-14T04:17:00.003-07:002016-04-16T14:20:06.439-07:00NÃO HÁ CADEIA SUFICIENTE PARA LULA Texto do um professor da UNB - Perci Coelho de Sousa<span style="background-color: white; color: #666666; font-family: "arial" , "verdana" , "geneva" , sans-serif; line-height: 15px;">Perci Coelho de Souza é coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Poder Local, Políticas Urbanas e Serviço Social </span><span style="background-color: white; color: #666666; font-family: "arial" , "verdana" , "geneva" , sans-serif; line-height: 15px;">da Universidade de Brasília (UNB)</span><br />
<span style="background-color: white; color: #666666; font-family: "arial" , "verdana" , "geneva" , sans-serif; line-height: 15px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #666666; font-family: "arial" , "verdana" , "geneva" , sans-serif; line-height: 15px;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial"; font-size: 15px; line-height: 19.5px;">Não há cadeia suficiente para Lula, não há construção erigida que suporte tamanha pena, que dê conta de tanto pecado. Haja grades de ferro e de aço que sejam capazes de segurar, de reter e de trancafiar tanta coisa numa só, tanta gente num só homem. Não há cadeia no mundo que seja capaz de prender a esperança, que seja capaz de calar a voz. Porque, na cadeia de Lula, não cabe a diversidade cultural Não cabe, na cadeia de Lula, a fome dos 40 milhões Que antes não tinham o que comer Não cabe a transposição do São Francisco Que vai desaguar no sertão, encharcar a caatinga Levar água, com quinhentos anos de atraso, Para o povo do nordeste, o mais sofrido da nação. Pela primeira vez na história desse país. Pra colocar Lula na cadeia, terão que colocar também O sorriso do menino pobre A dignidade do povo pobre e trabalhador E a esperança da vida que melhorou. Ainda vai faltar lugar Para colocar tanta Universidade E para as centenas de Escolas Federais Que o ‘analfabeto’ Lula inventou de inventar Não cabem na cadeia de Lula Os estudantes pobres das periferias Que passaram no Enem Nem o filho de pedreiro que virou doutor. Não tem lugar, na cadeia de Lula, Para os milhões de empregos criados, (e agora sabotados) Nem para os programas de inclusão social Atacados por aqueles que falam em Deus E jogam pedras na cruz. Não cabe na cadeia de Lula O preconceito de quem não gosta de pobre O racismo de quem não gosta de negro A estupidez de quem odeia gays Índios, minorias e os movimentos sociais. Não pode caber numa cela qualquer A justiça social, a duras penas, conquistada. E se mesmo assim quiserem prender – querer é Poder (judiciário?), Coloquem junto na cadeia: A falta d’água de São Paulo, E a lama de Mariana (da Vale privatizada) O patrimônio dilapidado. E o estado desmontado de outrora Os 300 picaretas do Congresso E os criadores de boatos Pela falta de decência E a desfaçatez de caluniar. Pra prender o Lula tem que voltar a trancafiar o Brasil. O complexo de vira-latas também não cabe. Nem as panelas das sacadas de luxo O descaso com a vida dos outros A indiferença e falta de compaixão A mortalidade infantil Ou ainda (que ficou lá atrás) Os cadáveres da fome do Brasil. Haja delação premiada Pra prender tanta gente de bem. Que fura fila e transpassa pela direita (sim, pela direita) Do patrão da empregada, que não assina a carteira Do que reclama do imposto que sonega Ou que bate o ponto e vai embora. Como poderá caber Lula na cadeia, Se pobre não cabe em avião? Quem só devia comer feijão Em vez de carne, arroz, requeijão Muito menos comprar carro, Geladeira, fogão – Quem diz? Que não pode andar de cabeça erguida Depois de séculos de vida sofrida? O prestígio mundial e o reconhecimento Teriam que ir junto pra prisão Afinal, (Ele é o cara!) Os avanços conquistados não cabem também. Querem por Lula na cadeia infecta, escura A mesma que prendeu escravos, ‘Mulheres negras, magras crianças’ E miseráveis homens – fortes e bravos O povo d’África arrastado E que hoje faz a riqueza do Brasil. Lula já foi preso, ele sabe o que é prisão. Trancafiado nos porões da ditadura Aquela que matou tanta gente, Que tirou nossa liberdade A mesma ditadura que prendeu, torturou. Quem hoje grita nas ruas Não gritaria nos anos de chumbo Na democracia são valentes Mas cordatos, calados, covardes Quando o estado mata, bate e deforma. Luis Inácio já foi preso, Também Pepe Mujica e Nelson Mandela. Quem hoje bate palmas, chora e homenageia, Já foi omisso, saiu de lado e fez que não viu. Não vão prender Lula de novo Porque na cadeia não cabe Podem odiar o operário O pobre coitado iletrado Que saiu de Pernambuco Fugiu da seca e da fome Pra conquistar o Brasil E melhorar a vida da gente Mas não há Nesse mundão de meu Deus Uma viva alma que diga Que alguém tenha feito mais pelo povo Do que Lula fez no Brasil. “Não dá pra parar um rio quando ele corre pro mar. Não dá pra calar um Brasil, quando ele quer cantar.” Lula lá!</span>arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-27002541514247390672016-01-12T05:26:00.000-08:002016-01-12T05:26:04.776-08:00Crônica - Senhas - 12 Jan 2016 Crônica - Senhas - 12 Jan 2016<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
O dia amanheceu para mim mais cedo do que o comum, de súbito
tenho o sono interrompido pela insônia minha eterna companheira que insiste em
acompanhar. As sombras da noite ainda são as mesmas desde quando cai nos braços
de Morfeu. Olho para o telhado buscando inutilmente algum sinais de luz solar.
Impossível a essa hora. Na casa todos dormem o sono dos justos sem serem
incomodados pela minha egoísta insônia. A única solução é erguer-me de meu
leito e fazer companhia aos espíritos que rondam meu casebre. Vou a cozinha
onde sobre uma mesa de madeira jaz uma garrafa de café dormido e inservível. Já
que não há ninguém da casa acordado para um diálogo vou para o computador de
mesa para ler as notícias do dia nos sítios da grande rede. Dentre a enxurrada
de notícias que poluem este mundo uma ganha maior destaque: a morte de um astro
da música pop internacional veio a falecer gerando um grande sentimento de
tristeza entre seus fãs. Impaciento com tudo isso e desligo a máquina para
ligar outra menos sofisticada em termos de tecnologia, é o meu rádio de pilhas
que me acompanha ao longo de várias jornadas. Notícias nada animadoras dão a
senha que a economia do país não vai bem.</div>
<div class="MsoNormal">
O
relógio avança, a luz do astro rei vence o breu da noite, na minha rua os
primeiros transeuntes dão o ar da graça zanzando para ali e para acolá. Agora
tomo coragem de traçar itinerários alheios pela urbe. Encontrar pessoas para
dialogar, discordar e contrapor pontos de vista. É bom que assim seja dentre da
civilidade de um diálogo respeitoso, porém conflituoso. </div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Volto
para casa onde todos agora estão apostos para mais um dia azafamado, logo logo
meu tugúrio estará ocupado apenas por mim e meus fantasmas. Neste intervalo
preciso encontrar animo e motivação para continuar a ler o livro deixado de
lado a três quartos de seu fim. Olho um pouco para trás e vi que tudo foi rápido
nessa manhã de sol e que começou com uma insônia. Preciso encontrar a senha que
resolva todos os meus problemas existenciais. Os fantasmas me perseguem outra
vez com suas vozes mudas de linguagem
não verbal, se comunicam só de modo unilateral. Minha mediunidade é nula ainda.</div>
arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1901782738218071925.post-83976990495872111912015-12-31T08:42:00.004-08:002015-12-31T08:42:51.668-08:00Carlos Drummond de Andrade - Tempo - 31 de Dezembro 2015<div style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Book Antiqua', 'Souvenir Lt BT', 'Times New Roman', serif;">
<span style="font-size: large;">“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. </span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Book Antiqua', 'Souvenir Lt BT', 'Times New Roman', serif;">
<span style="font-size: large;"> Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente.</span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Book Antiqua', 'Souvenir Lt BT', 'Times New Roman', serif;">
<span style="font-size: large;"> Para você, desejo o sonho realizado. O amor esperado. A esperança renovada. </span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Book Antiqua', 'Souvenir Lt BT', 'Times New Roman', serif;">
<span style="font-size: large;"> Para você, desejo todas as cores desta vida. Todas as alegrias que puder sorrir, todas as músicas que puder emocionar. </span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Book Antiqua', 'Souvenir Lt BT', 'Times New Roman', serif;">
<span style="font-size: large;"> Para você neste novo ano, desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que sua família esteja mais unida, que sua vida seja mais bem vivida.</span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Book Antiqua', 'Souvenir Lt BT', 'Times New Roman', serif;">
<span style="font-size: large;">Gostaria de lhe desejar tantas coisas. Mas nada seria suficiente para repassar o que realmente desejo a você. Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos. Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, rumo à sua felicidade!” </span></div>
arakoiabensehttp://www.blogger.com/profile/04486519880099045837noreply@blogger.com0