quinta-feira, 11 de maio de 2023

Pequena crônica - 365 - 11 de Maio de 2023

 




Pequena crônica - 365 - 11 de Maio de 2023



Estou na rua. Estou nas ruas desde os primeiros raios de sol no horizonte. Só que agora já estamos no início da tarde. Ruas escampas. Eu como observador do tempo e fiscal  de aleatoriedades  vou colhendo fatos para o memorial dos desinteressados. Eu que amanheci esta jornada na aurora do dia  como uma atividade física, agora observo os jovens espadaúdos que adentram uma academia física que também tem poucos sitiantes a esta hora. No meu andar a ermo, faço contrato de locação com a praça municipal onde fico como hóspede por horas a fio.

Aqui no meu lugar de combate, colho todas as cenas que julguei úteis para este meu dia dentro da abstração do tempo. Logo mais discorrerei  algumas delas.

Outrora, havia por aqui um sem número de pombos que ocupavam as castanholeiras.As aves eram em número elevado. Havia uma senhora que em horas certas vinha alimentar as palomas com milho seco.

Hoje a realidade é outra. Os animais que ali sitiam o espaço são gatos rabugentos e magros que alguém por piedade deixa porções de ração felina. Eu não sou afeito a bichanos, não obstante minha condição respiratória de asmático e também por não endossar  a sociabilidade deles em relação aos domesticadores. Há uma relação muito falsa entre os gatos. Prefiro os vira latas e suas fidelidade canina.

Há outras cenas que se passam ainda no logradouro público. Assisto uma transação comercial onde não há papel moeda envolvida. Não que a negociação não tenha valor monetário, mas porque no escambo mercantil se deu de forma digital e não analógica.

Várias coisas acontecem e eu não consigo concatenar a sequência exata deles e é impossível registrar ou não que não foram. Há sinos que dobram em campanários altos. Há diálogos entre várias pessoa numa balbúrdia sonora impossível de se filtrar algo disto. Algumas pessoas falam comigo palavras ininteligíveis nas quais eu sinalizo concordar para não ter aborrecimento. Lembrei de um conhecido meu de longa data na qual lembrou um fato interessante: ele perguntou se eu mantinha meu alter ego em minhas composições literárias.

A moça da loja de secos e molhados me desconcerta ao passar por aqui cruzando a praça. Ela exibe uma camiseta cinzenta com o numeral cardinal trezentos e sessenta e cinco. Supus que este número tivesse relação com o tempo e fiquei mais desconcertado psicologicamente. Talvez aquele número tivesse afeto ou comiseração, sentimentos totalmente diferentes. Confuso tudo.


Sinais da natureza vindo geograficamente do sudeste indicam episódios de tempestade. Há uma outra tempestade cerebral em mim após toda esta abstração de fatos, números e sentimentos.