Crônica - Um livro, uma insônia – 9 de Fevereiro de 2018
Trovões ecoam anunciando chuva próxima, torres de
nuvens brancas que mais parecem nacos de
algodão surgem no horizonte , mais um sinal de chuva.Estou voltando para meu
tugúrio suburbano após cumprido o médio expediente do dia de hoje, logo mais
estarei voltando à segunda metade da minha faina. Meus passos tem pressa de
consumir a média distância entre o
trabalho e meu bangalô. Neste meio tempo entre um expediente e outro
acontece muita coisa. Famélico, devoro rapidamente o todo conteúdo do prato de ágata, é hora do almoço. Mesmo sem
muito tempo, ainda acho espaço para um rápido culto à Vênus em celebração com
minha consorte. Em minha escrivaninha jaz um livro que eu iniciei faz três
dias, um pedaço de folha marca a exata página onde parei a leitura,
provavelmente terminarei de ler seu conteúdo completo se a insônia me for fiel
na noite vindoura.
Outra vez um trovão soa denunciando
chuva, acompanhado na sequência um vento frio, provavelmente o Aracati, e logo
em seguida uma chuva fina molha o chão seco pelo longo período de estiagem dos
últimos dias. O relógio avança os ponteiros e estou voltando ao batente para a
segunda jornada. Num átimo sinto necessidade
de sufocar os vícios tabagistas, mas lembro que estou abstêmio deste mal
prazeroso . Observando o calendário percebo que estamos no quadragésimo dia do
ano, impressionante pelo fato dos dias estarem transcorrendo tão rápidos, parece
que há ainda no ar um cheiro de pólvora queimada dos desnecessários fogos de
artifício que anunciam um novo ano à meia noite do primeiro dia do ano.
Agora
volto ao mesmo itinerário de volta ao trabalho, itinerário feito ainda a pouco
a só que agora estes passos são contrários dos de ainda a pouco mas talvez
estou a pisar nas mesmas pegadas do caminho de ida a minha casa, o sol está á
pino, um calor abafado, comum a esta época faz com que rapidamente meu corpo transpire suando em bicas. Nas ruas as pessoas
estão sempre buscando algum filete de sombra, eu também, claro. Cumprimento
algumas transeuntes que cruzam meu caminho, notadamente aqueles que fazem
caminho reverso ao meu. Ao longe já posso avistar a fábrica onde vou ceder
minha força de trabalho em troca de um parco salário que receberei ao final do
mês. A sirene da empresa de manufatura
soa convocando seus proletários a se dirigirem a seus postos de trabalho. Tudo
volta ao normal nesta quarta feira que é o dia mais comum dentre todos do calendário.