quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Crônica - Na Bacia Das Almas - 21 de Agosto 2014

Completam quatro dias a minha estada no leito desse hospital suburbano, um mal súbito tomou conta de mim, minha combalida saúde ficou mais avariada após isso. Uma bateria de exames revelou um sem número de males do corpo e até da alma. Essa consulta aos servos de Hipócrates trouxe à luz de meus conhecimento que os vasos sanguíneos de  meu cérebro estavam em petição de miséria, as coronárias já desgastadas de tanto amor e ódio não resistiria muito o embate pela vida, avaliação médica detectou que meu velho coração estava crescido ( seria crescido ou diminuído? Não sei bem!) Também pudera, uma vida de excessos só podia chegar a este ponto com essas mazelas! Excessos de sinceridades, de lealdades, de companheirismo e de amor a mulheres várias! Excessos etílicos, tabagistas , de ócios e sedentarismos.  
 Na hospedagem neste hospital  nesses poucos dias,  houve uma grande rotatividade de pacientes como eu, moribundos. Uns voltavam a vida, alguns eram empacotados pelo homem da funerária. Um garoto que gritava e parecia sentir uma dor medonha, um outro homem que tentava balbuciar algumas palavras ininteligíveis não suportou nem doze horas! Outro paciente que falava com um sotaque diferente forai encontrar-se com morte certa na madrugada daquele dia! Pobre infeliz foi sepultado como indigente, depois descobri que ele era um imigrante boliviano que tinha situação irregular junto ao consulado!  Um ancião conseguiu vencer sua batalha contra a morte e recebeu alta nesta manhã! E eu aqui na incerteza do meu estado, até quando entre a vida e a morte!

É madrugada, o quarto está escuro e a incerteza de que horas são exatamente me deixa mais angustiado, uma angústia mais sufocante que essa secura da boca, saber as horas nesse momento me consola mais que um copo de água na boca seca! Durmo não sei quanto tempo, quando acordo ainda está tudo escuro, quero ter a certeza que horas ao exatamente. Bobagem minha essa da subserviência das horas! Deveria está mais preocupado com meu estado! De repente o silêncio se acentua a falta de luz se acentua!A incerteza da vida! Estarei morto ou vivo? Será que me enterraram vivo? Ou é meu espírito que não quer separar de meu corpo na sepultura? Estarei na bacia das almas ou já serei mais uma delas?

Nenhum comentário:

Postar um comentário