Na hora do almoço, sou tomado por uma vontade de sair zanzando pela cidade e fotografar as cenas cotidianas, no exato momento da aproximação da alta tarde.Embora eu esteja com o estômago jejuno, minha mente está bem próxima a dá à luz diante do sentimento de mundo, desejo de ver de perto as coisas acontecerem, mais precisamente onde a raça humana anseiam para suprir suas necessidades alimentares do corpo e assim seguirem indo. Sim, pois é, é regra que a ceia vital para todos da raça humana, se faz aproximadamente na hora grande, num raro momento em que os ponteiros dos relógios se entrecruzam no maior dos numerais de seu circulo ilógico que formam as horas. ( O homem é sempre escravo do tempo)
A cena mais marcante desse meu itinerário se deu numa birosca ( parecia mais um botequim do que uma birosca, de qualquer maneira dá no mesmo) onde o proletário exaurido matinal, devorava vorazmente o seu alimento posto ali diante dele. A volúpia do comensal era tamanha que ele quase nunca erguia a cabeça, sua face estava quase enterrada na funda travessa. Comia ali sem nenhuma etiqueta ou classe, nem talheres mais refinados. Trajava-se de uma veste tão modesta quanto sua ceia, mas sua única preocupação era saciar sua vontade de comer. Terminado o rápido banquete( para ele ali era o seu verdadeiro banquete) o nutrido trabalhador demonstra sua religiosidade ao fazer um pelo sinal, mesmo sendo apressado e mecanicamente. Ele começa a divagar sobre a condição daqueles que ele deixou
Agora o sol vai a meio caminho, e o único rumo que pretendo tomar é em direção a minha casa. A vontade e a necessidade de alimentar-me só não é maior que a vontade de escorrer minha patética poética que se encontra escondida no canto mais obscuro do meu cérebro e não que sair por agora.
Distorcendo um pouco o escrito hebraico digo: nem só de pão vive o homem, mas nesse momento cheguei ao limite de meu corpo, sequioso por alimentar-se de pão, um pão que não é simbólico e nem metafórico. Preciso de pão literalmente.
João Davi de Sousa Queiroz
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