terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Crônica - Senhas - 12 Jan 2016

                                         Crônica - Senhas - 12 Jan 2016

O dia amanheceu para mim mais cedo do que o comum, de súbito tenho o sono interrompido pela insônia minha eterna companheira que insiste em acompanhar. As sombras da noite ainda são as mesmas desde quando cai nos braços de Morfeu. Olho para o telhado buscando inutilmente algum sinais de luz solar. Impossível a essa hora. Na casa todos dormem o sono dos justos sem serem incomodados pela minha egoísta insônia. A única solução é erguer-me de meu leito e fazer companhia aos espíritos que rondam meu casebre. Vou a cozinha onde sobre uma mesa de madeira jaz uma garrafa de café dormido e inservível. Já que não há ninguém da casa acordado para um diálogo vou para o computador de mesa para ler as notícias do dia nos sítios da grande rede. Dentre a enxurrada de notícias que poluem este mundo uma ganha maior destaque: a morte de um astro da música pop internacional veio a falecer gerando um grande sentimento de tristeza entre seus fãs. Impaciento com tudo isso e desligo a máquina para ligar outra menos sofisticada em termos de tecnologia, é o meu rádio de pilhas que me acompanha ao longo de várias jornadas. Notícias nada animadoras dão a senha que a economia do país não vai bem.
                O relógio avança, a luz do astro rei vence o breu da noite, na minha rua os primeiros transeuntes dão o ar da graça zanzando para ali e para acolá. Agora tomo coragem de traçar itinerários alheios pela urbe. Encontrar pessoas para dialogar, discordar e contrapor pontos de vista. É bom que assim seja dentre da civilidade de um diálogo respeitoso, porém conflituoso.

                Volto para casa onde todos agora estão apostos para mais um dia azafamado,  logo logo  meu tugúrio estará ocupado apenas por mim e meus fantasmas. Neste intervalo preciso encontrar animo e motivação para continuar a ler o livro deixado de lado a três quartos de seu fim. Olho um pouco para trás e vi que tudo foi rápido nessa manhã de sol e que começou com uma insônia. Preciso encontrar a senha que resolva todos os meus problemas existenciais. Os fantasmas me perseguem outra vez  com suas vozes mudas de linguagem não verbal, se comunicam só de modo unilateral. Minha mediunidade é nula ainda.

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