quinta-feira, 23 de julho de 2015

Crônica - Uma Oferta Irrecusável - 23 de Julho 2015

Crônica - Uma Oferta Irrecusável - 23 de Julho 2015
 Hoje é quarta-feira e eu lembro de um amigo antigo que dizia ser este o dia do equilíbrio, o dia que dividia a semana entre um fim de semana e outro. Estou a cumprir minha eterna sina de nada a fazer,  um carapina do nada a fazer. A casa vazia, a solidão, o silêncio que só é quebrado de vez em quando pela valsa dos fantasmas escondidos nas sombras do meu tugúrio, essa valsa até não me assusta mais, só na minha longínqua infância quando eu não conhecia esse estilo musical dos que tentam se comunicar ininteligivelmente . Estou a conferir o correio eletrônico e logo sou surpreendido por uma mensagem anunciando uma oferta irrecusável! Numa propaganda bem apelativa o reclame oferece um apartamento cujo preço soma uma valor totalmente aquém de meus combalidos numerários de simples amanuense! A dinheirama equivalia um valor que representava a soma de vários soldos, sais de uma vida inteira.Um sem número de zeros.
 O tempo passa, vou de música No “dial” do meu Marconi uma canção dançante do Morcheeba , uma banda que mistura soul, funk com elementos evoluídos da eletrônica musical.Enquanto a música toca vejo minha adega que mais se parece com altar de Baco, mas eu fui expulso de sua seita e não mais comungo com suas práticas, melhor assim , uma vez que meu combalido fígado não suportaria tanta devoção a Ele o deus Baco. Lá fora há um pregão de um mascate que vende várias bugigangas e objetos inservíveis,  tudo a preços módicos, quase em seguida um bravateiro vendedor de bilhete de loterias grita a plenos pulmões a sorte dos desafortunados num discurso ilusório e apelativo. O estafeta de uma multinacional vem quase no encalço do bilheteiro, suando em bicas ensopa de suor a camiseta amarela e a calça azul celeste, e a tira colo, um calhamaço de papeis desnecessários, com a mão em pala tenta identificar o numeral da correspondência para que nada saia errado.  Inquiro do núncio pela minha encomenda que eu espero a mais de trinta dias, prontamente o postilhão afirma que meu inventário não constava daquela chusmas de missivas e outros papeis.
 Agora o sol vai a meio caminho em busca do ocidente, o tempo passa, as cenas citadinas passam na minha janela e continuo procurando sentido para o alcunhada dado ao meu colega para este dia da semana. Procuro um equilíbrio impossível na minha confusa cabeça suburbana.

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