sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Crônica: Quadrantes - 21 de Novembro 2014

Crônica: Quadrantes

Quadrantes
Eis que chega a sexta-feira, as sombras do ocaso me convidam para perambular pelos bares  da cidade. Logo eu que passei a semana no ócio, na difícil missão de carpina do nada a fazer desde segunda-feira, aliás , desde sempre. As luzes da cidade me convidam para perambular no itinerário dos vários bares da urbe, cumprirei minha missão de fiel etílico! Permissões maiores ou limitações não me intimidam nesse momento! Vagabundeio pelo perímetro urbano até onde meus músculos fragilizados de perna e braço me permitem. Subo rua , desço alameda, e invariavelmente estaciono num dos meus favoritos lugares: o Ratisbona, um tradicional bar que é misto de café e bar. A essa hora as mesas do Ratisbona pululam de personalidades de vários tipos, proletários  e burgueses se misturam entra a clientela heterogênea do local de Baco! Onde estaria a essa hora a moça da loja de secos e molhados? Bem provável na companhia de seu cônjuge no tradicional lar suburbano! Um vozerio confuso enche a pequena sala do pequeno bar, as horas avançam, o álcool começam a embotar os cérebros dos locatórios momentâneas das mesas do Ratisbona, enquanto eu ocupo um modesto lugar solitário numa quina do prédio, mesa solitária de muita divagação e solidão! Nesse rodízio de ocupantes dos lugares, eis que surge a moça da loja de secos e molhados, ladeada pelo seu consorte, um homem espadaúdo e igualmente feio! Questiono tal fato e me irrito entre minhas divagações solitárias!!  As horas avançam, os transeuntes do local diminuem, as horas avançam, a lucidez vai indo embora, a embriaguez toma corpo do meu corpo e de minha mente.

Agora estou em casa, na solidão da alta noite, na falta de lucidez da minha insônia, do cérebro embotado de álcool e ilusões. A solidão da casa, só espíritos medrosos circundam meu modesto tugúrio! Onde estaria a uma hora dessas a moça da loja de secos e molhados? Estaria no seu culto a Dionísio com seu consorte? Não sei, melhor não pensar nesse fato! Angústia, solidão, nenhuma alma encarnada para conversar , nenhuma alma viva para exteriorizar minhas angustias, nem mesmo um discípulo para debatermos sobre a importância dos quadrantes  e sua simetria. A insônia me acompanhará até quando? Onde está meu sono? Onde estará a moça da loja de secos e molhados nesse quadrante ilógico? 

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