O Lupanar –
Era uma lupanar que ficava no final da rua do comércio, a rua que outrora era cognominada de “rabo do
tatu” e que hoje abriga uns raros casebres cuja a finalidade é nada aceita pela
o bom senso monogâmico da sociedade ocidental-cristã. Dos vários locais de culto à Vênus, um deles
se destaca pelo porte senhoril e místico de sua arquitetura, um sobrado no qual
funcionava na parte de baixo um comércio de estivas e cereais durante o dia e,
findo o expediente do estabelecimento de
merceeiros, iniciava-se a atividade do lupanar no piso superior do prédio. A
cafetã dona do lupanar era sócio do merceeiro dos cereais.As seis da noite,
religiosamente, as rameiras se apresentavam para prestarem seus serviços aos
seus clientes, clientela esta constituída de estivadores do comércio atacadista
que ficavam nas cercanias do “cháteau”. Esse comércio luxurioso efervescia até
que os pares fossem formados e estes recolhessem em suas alcovas trancadas no
mais profundo mistério. Os clientes eram todos casados ou amasiados, mas
buscavam naquele “comércio” além do prazer, a necessidade de extravasar a
lassidão de mais um dia de uma faina
extenuante, cônscios de estarem cometendo um
adultério reprovável pelas suas rainhas. As meretrizes, queriam apenas
garantir o almoço do dia seguinte ou algumas prendas quase insignificantes,
essas mulheres de meia idade que não
amavam, já nem sonham mais em
perspectivas além da “rua da lama”.
O silêncio toma conta
da rua do comércio nas altas horas, os clientes dormem um sono profundo ajudado
pela lassidão física adicionado ao efeito narcótico do álcool. Uma chuva fina
cai antes dos primeiros sinais da aurora, os primeiros proletários começam a
aparecer para mais um dia de trabalho e
aqueles que pernoitaram no lupanar começam a se misturar com os demais até que
tudo fique normal e a cena faça jus ao nome que batiza a rua: Rua do comércio.
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