O Bar Katmandu e a boemia
Principiei na boemia ainda jovem quando ainda estava na
escola básica, fui levado para tal
ambiente por um professor de Literatura que tinha na conta dos seus bons alunos,
segundo ele. Timidamente passei a freqüentar o tradicional bar da rua da Palma
( hoje rua do poço) freqüentado pela alta intelectualidade da cidade, de nome
bastante exótico, era o Katmandu, segundo seu proprietário, o batismo do bar se
deu da o aspecto cosmopolita da cidade nepalesa, tal qual seu bar. Exótica e
variada era seu público constituído na sua maioria por intelectuais,
jornalistas dos três grandes diários da
cidade, estudantes universitários na sua maioria do curso de jornalismo que
cavavam um lugar ao sol num dos jornais. Em meio a todo essa mixórdia de freqüentadores,
timidamente fui inserido a esse meio, era apenas um mero coadjuvante desses personagens. Era apenas o pupilo do
professor que me apresentou inicialmente como dono de bons sonetos alexandrinos e isso rendeu um certo respeito pelos freqüentadores
da mesa dezessete. Ao aumentar a assiduidade da freqüência no bar Katmandu, fez
com que eu me tornasse figura permanente no corpo dos freqüentadores de lá.
Após alguns anos como titular do local,
aumentei meu círculo de amizade dali e o respeito foi aumentado quando fui
aprovado no vestibular para o curso de farmácia, ascendi socialmente naquele
local com isso, garrafas e mais garrafas foram abertas em comemoração a tal
situação. Meu cartaz foi tanto que recebemos a visita em
nossa tradicional mesa dezessete do nada menos que o diretor chefe de redação
de uns dos jornais de grande circulação, Jamil era um turco com forte
influência no meio das altas rodas da sociedade . Ser amigo de Jamil
significava garantia de boas colocações, seu poder de influências no meios jornalísticos
permitia a certeza de um lugar ao sol. Foi através de Jamil que eu garantir um
lugar no matutino de mais prestígio na cidade, passei a escrever sonetos três
vezes por semana naquele jornal, no caderno de cultura. Essa colocação garantia
um numerário razoável para ir levando o caro curso de farmácia. Estaria bem até
hoje não tivesse eu cometido um deslize pueril, publiquei um soneto sionista
exaltando o povo judeu, essa foi a gota d’água para ferir os brios de Jamil, e meu emprego sumir das mão. Não fosse uma meia
dúzia de crônicas que vendo a um jornal, minha situação financeira estaria
bastante combalida.
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