Crônia - Missão cumprida
Tarde de ócio, estou diante da tela de um computador em
frente a uma folha em branco buscando inspiração para escrever a Crônica para o
jornal, ela, a inspiração não vem. Desculpo a tela do computador e vou a janela
em busca de encontrar algo útil, a tarefa parece difícil dado os descampado da
rua. O sol de entre meio dia e duas da tarde desencoraja os transeuntes do meu
logradouro, o céu escampo de nuvens de um verão pleno faz desanimar qualquer
um. Entro no meu aposento, a página continua sem nenhuma linha escrita. Tarefa
inútil escrever para ninguém ler . A carta que fica num canto de jornal não
atrai ninguém, mas para mim garante um reforço nos meus combalidos numerários,
o jornal mesmo assim paga a pena dessas meia dúzias de palavras inúteis, minha
prole agradece o bem vindo dinheiro. Volto à janela e vejo o carro responsável
pela coleta nada seletiva do lixo que religiosamente recolhe o inútil lixo de
todas as casas, três ou quatro homens espadaúdos, indiferentes ao mau cheiro do
lixo tentam acompanhar o ligeiro ritmo do caminhão. Passado alguns minutos um
jovem casal trava uma contenda de caráter passional, após algumas trocas de
palavras que tem um tom aumentado a cada instante a jovem moça cai em prantos,
ato contínuo, o rapaz acolhe em seus braços e a consola em seu colo, De novo
estou diante do computador com sua página em branco, agora estou pressionado
para cumprir esta hercúlea missão de por termo a minha crônica, chego a
estante, lá jaz um livro que comecei a
ler a duas semanas e ainda tenciono concluir a prazerosa tarefa de lê-lo por
completo. Folheio um sem número de páginas
em busca de alguma inspiração mas em vão. Meu telemóvel soa um som
estridente, do outro lado da linha o redator do jornal vem cobrando meu texto,
peço a ele paciência e prometo enviar um velho faz antes das dezoito horas.
Parece que a pressão do chefe deu efeito, pois após alguns minutos a crônica
saiu após uma miscelânea de bobagens que catei em minhas crônicas anteriores.
Missão cumprida e dada a solidão da minha casa, vejo-me no direito de cultuar
Baco abrindo uma garrafa de vinho barato que repousa sobre minha pobre adega.
Engraçado tudo isso, após uns goles de vinho divago sobre todas as contradições
desta tarde, a solidão da rua, os homens espadaúdos, o casal que se embate e eu
que troco cem palavras ou mais para garantir um pouco mais de dinheiro,
Novamente o telemóvel toca e não fica difícil adivinhar que é o exigente
redator, ato contínuo afirmo a ele que
está tudo certo. Missão cumprida e pressão vai embora pelo menos até amanhã
quando serei novamente aporinhado pelo telefone do jornal me exigindo a bendita
crônica de cada dia!
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