Completam quatro dias a minha estada no leito desse hospital
suburbano, um mal súbito tomou conta de mim, minha combalida saúde ficou mais
avariada após isso. Uma bateria de exames revelou um sem número de males do
corpo e até da alma. Essa consulta aos servos de Hipócrates trouxe à luz de
meus conhecimento que os vasos sanguíneos de
meu cérebro estavam em petição de miséria, as coronárias já desgastadas
de tanto amor e ódio não resistiria muito o embate pela vida, avaliação médica
detectou que meu velho coração estava crescido ( seria crescido ou diminuído?
Não sei bem!) Também pudera, uma vida de excessos só podia chegar a este ponto
com essas mazelas! Excessos de sinceridades, de lealdades, de companheirismo e
de amor a mulheres várias! Excessos etílicos, tabagistas , de ócios e
sedentarismos.
Na hospedagem neste
hospital nesses poucos dias, houve uma grande rotatividade de pacientes
como eu, moribundos. Uns voltavam a vida, alguns eram empacotados pelo homem da
funerária. Um garoto que gritava e parecia sentir uma dor medonha, um outro
homem que tentava balbuciar algumas palavras ininteligíveis não suportou nem
doze horas! Outro paciente que falava com um sotaque diferente forai
encontrar-se com morte certa na madrugada daquele dia! Pobre infeliz foi
sepultado como indigente, depois descobri que ele era um imigrante boliviano
que tinha situação irregular junto ao consulado! Um ancião conseguiu vencer sua batalha contra
a morte e recebeu alta nesta manhã! E eu aqui na incerteza do meu estado, até
quando entre a vida e a morte!
É madrugada, o quarto está escuro e a incerteza de que horas
são exatamente me deixa mais angustiado, uma angústia mais sufocante que essa
secura da boca, saber as horas nesse momento me consola mais que um copo de
água na boca seca! Durmo não sei quanto tempo, quando acordo ainda está tudo
escuro, quero ter a certeza que horas ao exatamente. Bobagem minha essa da
subserviência das horas! Deveria está mais preocupado com meu estado! De
repente o silêncio se acentua a falta de luz se acentua!A incerteza da vida! Estarei
morto ou vivo? Será que me enterraram vivo? Ou é meu espírito que não quer
separar de meu corpo na sepultura? Estarei na bacia das almas ou já serei mais
uma delas?
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