O dia amanheceu para mim mais cedo do que o comum, de súbito
tenho o sono interrompido pela insônia minha eterna companheira que insiste em
acompanhar. As sombras da noite ainda são as mesmas desde quando cai nos braços
de Morfeu. Olho para o telhado buscando inutilmente algum sinais de luz solar.
Impossível a essa hora. Na casa todos dormem o sono dos justos sem serem
incomodados pela minha egoísta insônia. A única solução é erguer-me de meu
leito e fazer companhia aos espíritos que rondam meu casebre. Vou a cozinha
onde sobre uma mesa de madeira jaz uma garrafa de café dormido e inservível. Já
que não há ninguém da casa acordado para um diálogo vou para o computador de
mesa para ler as notícias do dia nos sítios da grande rede. Dentre a enxurrada
de notícias que poluem este mundo uma ganha maior destaque: a morte de um astro
da música pop internacional veio a falecer gerando um grande sentimento de
tristeza entre seus fãs. Impaciento com tudo isso e desligo a máquina para
ligar outra menos sofisticada em termos de tecnologia, é o meu rádio de pilhas
que me acompanha ao longo de várias jornadas. Notícias nada animadoras dão a
senha que a economia do país não vai bem.
O
relógio avança, a luz do astro rei vence o breu da noite, na minha rua os
primeiros transeuntes dão o ar da graça zanzando para ali e para acolá. Agora
tomo coragem de traçar itinerários alheios pela urbe. Encontrar pessoas para
dialogar, discordar e contrapor pontos de vista. É bom que assim seja dentre da
civilidade de um diálogo respeitoso, porém conflituoso.
Volto
para casa onde todos agora estão apostos para mais um dia azafamado, logo logo
meu tugúrio estará ocupado apenas por mim e meus fantasmas. Neste intervalo
preciso encontrar animo e motivação para continuar a ler o livro deixado de
lado a três quartos de seu fim. Olho um pouco para trás e vi que tudo foi rápido
nessa manhã de sol e que começou com uma insônia. Preciso encontrar a senha que
resolva todos os meus problemas existenciais. Os fantasmas me perseguem outra
vez com suas vozes mudas de linguagem
não verbal, se comunicam só de modo unilateral. Minha mediunidade é nula ainda.
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