Crônica: Quadrantes
Quadrantes
Eis que chega
a sexta-feira, as sombras do ocaso me convidam para perambular pelos
bares da cidade. Logo eu que passei a
semana no ócio, na difícil missão de carpina do nada a fazer desde
segunda-feira, aliás , desde sempre. As luzes da cidade me convidam para
perambular no itinerário dos vários bares da urbe, cumprirei minha missão de
fiel etílico! Permissões maiores ou limitações não me intimidam nesse momento!
Vagabundeio pelo perímetro urbano até onde meus músculos fragilizados de perna
e braço me permitem. Subo rua , desço alameda, e invariavelmente estaciono num
dos meus favoritos lugares: o Ratisbona, um tradicional bar que é misto de café
e bar. A essa hora as mesas do Ratisbona pululam de personalidades de vários
tipos, proletários e burgueses se
misturam entra a clientela heterogênea do local de Baco! Onde estaria a essa
hora a moça da loja de secos e molhados? Bem provável na companhia de seu
cônjuge no tradicional lar suburbano! Um vozerio confuso enche a pequena sala
do pequeno bar, as horas avançam, o álcool começam a embotar os cérebros dos
locatórios momentâneas das mesas do Ratisbona, enquanto eu ocupo um modesto
lugar solitário numa quina do prédio, mesa solitária de muita divagação e
solidão! Nesse rodízio de ocupantes dos lugares, eis que surge a moça da loja
de secos e molhados, ladeada pelo seu consorte, um homem espadaúdo e igualmente
feio! Questiono tal fato e me irrito entre minhas divagações solitárias!! As horas avançam, os transeuntes do local
diminuem, as horas avançam, a lucidez vai indo embora, a embriaguez toma corpo
do meu corpo e de minha mente.
Agora estou
em casa, na solidão da alta noite, na falta de lucidez da minha insônia, do
cérebro embotado de álcool e ilusões. A solidão da casa, só espíritos medrosos
circundam meu modesto tugúrio! Onde estaria a uma hora dessas a moça da loja de
secos e molhados? Estaria no seu culto a Dionísio com seu consorte? Não sei,
melhor não pensar nesse fato! Angústia, solidão, nenhuma alma encarnada para
conversar , nenhuma alma viva para exteriorizar minhas angustias, nem mesmo um discípulo
para debatermos sobre a importância dos quadrantes e sua simetria. A insônia me acompanhará até
quando? Onde está meu sono? Onde estará a moça da loja de secos e molhados
nesse quadrante ilógico?
O que é que tu andas tomando, mah??
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