A Ermitoa
Morava sozinha, os parentes mais
próximos já haviam todos cumprido a sina mais certa que é a morte. Essa mulher
já com uma idade na qual ninguém sabia ao certo, nem mesmo ela, mais sabiam
todos que ela era uma amanuense aposentada, fato que denunciava o avanço de sua
idade. Mantinha uma amizade amistosamente distante com seus vizinhos e na sua
casa quase nunca ou nunca mesmo recebia nenhum conviva. Os mais próximos, ou os
menos distantes, sabiam que em seu lar, as principais companhias eram um sem
número de gatos que vagabundeavam na pequena choupana. Dizem as más línguas que
a quantidade de felinos diminuíra significativamente nos últimos anos, por pura
falta de zelo de sua dona! Os anos de serviço na repartição pública não
permitiu que ela construísse grande patrimônio, não fora a pequena casa herdada
de seus pais, não teria outro bem semovente ou não. Sua rotina era extremamente
simples, mais ainda para uma pessoa que morava só, tinha um fogão em casa mas
não usava quase nunca, suas refeições eram feitas num pequeno restaurante
suburbano que religiosamente era freqüentado por ela de domingo a domingo,
chovesse ou fizesse sol. Os afazeres domésticos eram evitados por ela,
realizando tarefas básicas como lavar as poucas roupas de seu enxoval uma vez
por semana! Dormia poucas horas a noite,passava muitas horas da noite diante da
televisão, complementava as necessidades do sono da noite, nas primeiras horas
da tarde de todos os dias! Fazia parte de sua bestial rotina, as caminhadas aleatórias
pelas principais ruas do bairro, caminhava descompromissadamente por muito tempo sem maiores preocupação com o
tempo! Nesse itinerário quase não interagia com os transeuntes que cruzavam seu
caminho, só acenava discretamente para aqueles que julgava mais próximos e
confiáveis. De uns tempos para cá a solitária adquiriu o hábito de fazer uso do
álcool para preencher as horas do vazio no que fazer! Cumpria suas obrigações
etílicas discretamente na solidão do lar, não queria que seus vizinhos dessem
alguma notícia desse seu condenável ato. Nos finais de semana era um “rato de
sacristia” não perdendo um evento sequer de sua Igreja Católica quase vizinha a
sua residência. Nesses dias de cerimônias religiosa, mantinha uma certa cautela
nas ações etílicas, precavida de dá bandeira diante os fiéis que a tinha na
conta dos mais respeitáveis crentes.
E assim se fazia a rotina da
solitária mulher, sem parentes ou aderentes, sem muitos afazeres domésticos e
tendo como companhia uns gatos rabugentos, o álcool e a fé. Sem exteriorizar
suas angústias existenciais de uma vida extremamente solitária e sem maiores
ambições!
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