sábado, 3 de maio de 2025

Pequena Crônica - Antes das sete - 3 de maio de 2025

 Pequena Crônica - Antes das sete - 3 de maio de 2025



É hoje. O dia de hoje é simplesmente o de hoje. Não deram ainda as sete primeiras badalas do dia e já me encontro na rua. Cumprimentei um sem número de pessoas que cruzaram meu caminho. Mesmo sendo hoje um feriado, as pessoas estão na rua antes da matinal sétima hora. A música. Sou musical. Há uma banda de pos punk germânica que toca em minha plataforma ( outrora era na minha vitrola que tocava). De aperitivo um Martini branco que estava esquecido em minha adega. Somado a tudo isso uma angústia sufocante que eu afogo no copo de vermute. Estou assim desde ontem. Também pudera, a moça da loja de secos e molhados cruzou minha frente numa encruzilhada fatídica. Esnobe e indiferente a tudo ela simplesmente olha com olhar de cima abaixo num ar de superioridade a tudo.

As horas avançam neste joguete eterno do tempo versus existência. Me fito ante um espelho. Me acho velho. O peso da angústia de a pouco vai dirimindo. A imagem soberba da moça da loja de secos e molhados vai se esfumando de minha mente e vai dando lugar a um causo absurdo contado por aquele velho da praça dos pombos. Não detalharei aqui o enredo por ser longo e complexo. As sombras chegam. Os fantasmas se agrupam perto de mim. A embriaguez chega e a playlist muda para sentidos mais joviais. Preciso fugir da escravidão do tempo e da influência dele que pesa sobre mim. Preciso relativizar o tempo. Preciso está acordado antes da seis da manhã todos os dias.