sábado, 11 de maio de 2024

Pequena Crônica - Preciso comprar uma roupa nova para mim - 11 de maio de 2024


 

Pequena Crônica - Preciso comprar uma roupa nova para mim - 11 de maio de 2024



Céu em brasa. Há uma penumbra. A barra do amanhecer vem quebrando. (nunca compreendi bem esta expressão). Cena vista e registrada por mim, que perambulo a esmo pelas ruas escampas desta madrugada quase manhã! Ser parte dos atores que protagonizam o amanhecer de um novo dia por estas banda de cá tem sido minha missão nestes últimos dias. Pelo menos até minha relação com Morfeu ande meio arranhada! O vermelho do nascente é um quadro perfeito para uma fotografia. Brasil vem de brasa. Brasa vermelha. Vou coletando situações 

e personagens que cruzam meu caminho e realizam esta epopeia.  Aurora. Ruas inóspitas ainda. Sinto-me meio que o dono do pedaço que é coletivo e cheio de locatários. Há senhoras que praticam suas atividades físicas no derredor do campo santo. Um homem solitário vigia os poucos passantes de sua calçada. Há um zelador de um mercado público que volta de sua missão de abrir as portas daquele estabelecimento comercial. O moço é acompanhado por sua cônjuge que além de lhe ser fiel nos quesitos sentimentais é também fiel na escolta em seu temerário trajeto casa-trabalho-casa. Religiosamente ela o acompanha.


As horas avançam e o comercio de pães e massas começa a funcionar. Na tradicional birosca da Rua do Arisco há um despacho dos produtos. Um dos compradores momentâneos daquele comércio, trava rápido diálogo com o vendedor. Captei que o primeiro falava da necessidade de comprar uma roupa nova para ele. Fiquei imaginando para qual evento aquele simples homem necessitava de vestes mais elaboradas. Teria necessidade de um blazer? Um smoking? Um paletó? Não sei! Sei que suas vestes do dia a dia, são farrapos esmolambados que caracterizam sua modesta personalidade.


As horas avançam e a normalidade do espaço urbano vai tomando forma. Tudo começa a funcionar. O comércio de hortifruti, comércio de bens desnecessários. Cada um sitia seu lugar individual. E eu preciso também entrar no rol daqueles que cumprem suas rotinas diuturnamente. Tenho sono mas a obrigação de mais um dia exige que eu marche para minha obrigação. Tudo normal. Ou dentro daquilo que se estabelece como normalidade. É preciso bater o cartão e respeitar o patrão.